domingo, 28 de junho de 2009

acordar de dúvida

Acordei com um estrondo horrendo e ainda enleada com o sono pensei que havia chegado a terceira guerra mundial. Os vidros da minha janela estremeciam e quando ouvi as gotas a cair lá fora, percebi que afinal era só uma tempestade. Contudo, há muito que não sentia uma tão violenta. O que havia feito com que o tempo tivesse ficado tão zangado? Pergunta sem resposta, mas não conseguia continuar a dormir. Por pequenino que fosse o medo, todo o barulho e sentir dos trovões assustavam-me. Enrolei-me no edredon e tentei perceber por onde andavam... Estavam muito perto, sabia-o, mas o meu pensamento já tinha voado para outros lugares...
Quis usar o telemóvel, mas para além de achar que seria imprudente, o meu saldo tinha acabado. Dentro de mim fiz força para saber onde estavas, porque ainda que te achasse mais forte do que eu, queria saber-te em segurança. Questionei-me sobre se devia pensar em ti... Afinal, ainda que o que vivamos seja o presente, o futuro começa a ser planeado e acho que daqui a algum tempo não vou estar aqui. Será que não me devo lembrar disso e ser egoísta ao ponto de continuar a querer-te enquanto te posso ter por perto, sabendo que depois não vou cá estar? Por mais que pense e volte a pensar, acabo por ir dormir todas as noites, sem uma conclusão... Até que o tempo me acorda assim, em sobressalto, e sinto medo por ti. Parece que não consigo deixar de ver em ti aquele sorriso de que gosto sempre... Tal como rapidamente me lembro de ti aqui, sei que lá, se também acordar com uma tempestade, me hei-de preocupar se estás bem. Mas será que devo continuar a querer ter-te comigo?
Os raios e a chuva já foram embora. Consegui voltar ao sono durante mais um bocadinho: senti-te bem. Voltei a acordar, desta vez em plena calma e com sol lá fora. Ainda assim, a minha dúvida não desapareceu. Ficou somente uma pequena certeza: gosto mesmo desse sorriso.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Uma lição

Nunca devemos desistir de um sonho se nem sequer chegámos a tentar.
Foi esta a lição que hoje aprendi e que agora decido partilhar. Às vezes pensamos pequeno, ou pensamos demais. Pensamos sobre todas as condicionantes existentes para sabermos se é possível concretizar uma vontade ou não, e, na maior parte das vezes, não somos ambiciosos ao ponto de lhes fazer frente. Estamos habituados de mais à comodidade e achamos que não vale a pena tentar sequer.
Eu nunca fui assim. Mesmo que achasse algo difícil ou até impossível, sempre fui de tentar. Tentar até ver que não dá para seguir em frente naquele objectivo. Porém, desta vez, pensei nos obstáculos que se colocariam à realização do meu sonho. Depois de os rever, um a um, decidi que não valia a pena tentar... Hoje, descobri uma forma em que, se tivesse tentado, o meu sonho ia tornar-se real. Eu ia concretizá-lo, por mais difícil que isso fosse...
Sinto-me triste. Tenho um nó na garganta muito apertado e estou a esforçar-me por não soltar as minhas persistentes e incontornáveis lágrimas. Pois é, se eu tivesse tentado, como sempre, agora poderia saber que daqui a uns meses deixaria de ter o meu sonho por realizar, porque ele seria somente real... Se sempre lutei, porque é que foi logo desta vez que decidi não o fazer?
Por mais que tudo nos pareça difícil, afinal há sempre um caminho que nos faz chegar lá, aonde queremos. Mesmo que ele demore a aparecer, acaba por se ir formando à nossa frente e sabemos que é o certo... Aprendi, sem dúvida. O sentimento de frustração que tenho neste momento consegue dar-me força para não voltar a repetir as facilidades. Diz-me para batalhar, porque pelos vistos eu ia ser mais forte do que todas as adversidades que pudessem estar presentes no meu percurso... Agora já passou o tempo. O meu sonho ficou para trás.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Roubo

Chegou a casa, largou a mala e descalçou as sandálias. Sentou-se na cadeira em frente ao computador e abriu-o energicamente, sem saber porquê. Ficou com o olhar suspenso no ar, ao mesmo tempo em que revia aquela cara. Tinha-lhe roubado a fotografia, sem que ele soubesse e agora-a guardava-a dentro da gaveta a seu lado. Colocou os dedos sobre o puxador e espreitou-a, sorrindo. Aqueles olhos eram penetrantes e límpidos e nada deixava que os esquecesse. De coração apertado, perguntava-se sobre o que mais poderia fazer, se é que já tinha feito alguma coisa... Afinal, nunca fora exibicionista daquilo que havia dentro de si, ainda que não conseguisse não ser sincera. Lembrava-se de todos os momentos, até mesmo das diversas expressões que a ele lhe eram características. O sorriso sempre honesto e até mesmo aquele esboçar dos lábios descontraído como quem diz "está bem", faziam com que não conseguisse largar as ideias que a prendiam àquela cara. A acalmia que encontrava era contagiante e nada seria capaz de fazer com que a perdesse.
Porém, há dias que não lhe ouvia uma palavra. Tudo o que pensava eram recordações que a envolviam entre saudades e desespero. Deveria tomar alguma atitude? Inquieta dentro do seu medo, apenas se concentrava no vazio. Não sabia o que fazer, nunca o soubera. Sempre deixara que o tempo passasse. Com uma expressão vazia, limitou-se apenas a voltar a abrir a gaveta e suspirar, para aquela fotografia. Ao menos essa seria sempre sua e estaria sempre presente. Tudo graças ao seu secreto roubo embaraçado.

sábado, 20 de junho de 2009

Bocadinhos de mim

Já é tarde, mas eu soube que tinha de vir aqui. Tenho pensado muito e acho que hoje consegui fazer a minha maior retrospectiva de sempre. Não consigo andar por aí a sorrir quando todos os pensamentos são insistentes na minha cabeça e me dizem: estás a crescer...
Questiono imensas atitudes que tive ao longo de algum tempo: palavras horríveis que fui capaz de dizer, atitudes menos correctas para com outras pessoas... Mas pergunto-me ainda mais sobre algo que deveria ser adquirido e não questionado: o que faço eu a mim mesma, afinal? Sempre segui o caminho que me iam colocando à frente... Deixei-me ir com a maré. Agora é diferente: sou eu quem constrói o caminho que quero seguir. Parece complicado, mas afinal não o é. Bastou que tivesse mais atenção e que me ouvisse mais, a mim mesma, para saber o que fazer.
Não sei se sou correcta com tudo aquilo que me rodeia, a perfeição não existe. Contudo, procuro fazer o que acho estar certo para mim e acima de tudo, ser sincera comigo mesma. As pessoas vão e vêm, mas há algumas que decidem ficar... Dei por mim a pensar à pouco e lembrei-me de pessoas que decidiram ir... Foram embora, mas eu recordei-as com momentos, palavras, gestos, com todo o tipo de certezas que tenham ficado comigo. Aí então percebi: as pessoas podem ter ido embora fisicamente, mas dentro de mim permanecem inantigíveis porque consegui tirar delas uma lição.
Muitas vezes falo de mágoa, mas hoje não estou magoada. Muito pelo contrário. Consigo achar-me estúpida por estar frente a um ecrã e um teclado a chorar, mas sei que cada gotinha que sai dos meus olhos é somente um bocadinho do sentimento que está no meu coração. Afinal de contas, é o explodir do meu medo, é o exacerbar de todo o pavor que tenho ao pensar que, mais dia menos dia, tudo pode mudar... As pessoas vão e vêm, como já disse. Apenas existem algumas que quero tanto que fiquem, por tudo aquilo que me trouxeram, que não consigo aguentar vê-las longe... Acabo por olhar para elas e ter certezas: de que são crescidas, de que sabem o que fazem, de que estão dentro de mim como muito poucos têm a capacidade de estar. Mas o meu medo fala tão mais alto...
Mais do que medo por carjacking, assaltos, ou todos os outros pesadelos que tenho continuamente, tenho medo de perder os rostos, os olhares, as mãos, os abraços, os sorrisos,... de quem um dia me fez crescer. Porque se me basta que as olhe no seu pedestal para que me dê vontade de soltar mais uma lágrima salgada, é porque me fizeram mesmo crescer. Tenho-lhes todo o meu respeito, não quero que vão embora... É delas que gosto, são elas, essas, as pessoas, que me fazem sentido. Agora o medo... Não me larga nunca. Não quero perder os mais puros bocadinhos de mim.

terça-feira, 16 de junho de 2009

o meu lugar

Os meus olhos estão a pesar, a minha barriga dá horas, dói-me um pouco a cabeça. A minha cama tem duas malas em cima, na minha cadeira está roupa despida ao acaso, por cima da capa do traje. Na minha secretária o gravador está a um canto, ainda agarrado ao cabo, e o caderno de estudo pronto a ser rabiscado com o meu estojo e a agenda em cima. A reportagem de Estrasburgo descolou-se da parede onde a tinha exposto orgulhosamente e tapou as minhas melhores classificações na natação. A rosa que me deram há quase um ano atrás espreita por um espacinho livre, sempre viva. Uma confusão, não? Páro o meu olhar pela televisão enquanto penso que frase colocar aqui a seguir. Não sei, sinceramente. Não vim aqui com o propósito de me lamuriar seja pelo que for, apeteceu-me apenas partilhar-me um bocadinho...
Nas aulas de Teorias dos Média falámos dos blogues, de como as pessoas escrevem neles. De uma maneira ou de outra, acho que este ^meu refúgio de ilusão consegue saber mais de mim do que eu, por vezes. Encontro-me aqui, nem que seja com um desabafo vago ou um simples devaneio da imaginação. Acaba por ser este o meu lugar: onde vos convido todos a entrarem e a conhecerem cada amontoar de palavras, tal como agora vos "mostrei" onde estou. É com surpresa que me apercebo de que há quem venha conhecer-me aqui, neste meu mundo à parte. Sabe tão bem quando sou confrontada com questões sobre o que aqui escrevo... De facto, se aquilo de que mais gosto é comunicar, parece que, mesmo sem um retorno imediato de quem me lê, até aqui consigo fazê-lo.
Por isso, agora, já que há quem venha conhecer-me aqui, onde me mostro, chegou a altura de dirigir a palavra a esses que, de facto, dão a este meu lugar que já me é inerente um pouco da sua atenção. Tu, aí mesmo, que agora me lês, Obrigada! Obrigada por conheceres um pouco daquilo que sou, dia após dia. Obrigada por me deixares desabafar contigo. Obrigada por saberes da minha imaginação, por em todos os momentos fazeres com que cresça um sorriso no meu rosto. Obrigada a ti que por aqui passas e que fazes com que, ainda que nada tenha saído do mesmo sítio de onde estava desde quando à pouco comecei a escrever, eu sinta o meu lugar arrumado e calmo. Este é o meu lugar. Gosto que me visitem aqui.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

São Martinho do Porto


Lembro-me de uns amigos que tinha algures. Lembro-me muito deles e tenho saudades, mas os dias passam com um ritmo alucinante e as semanas correm por aí. Dou por mim a pensar e antes que me aperceba, dois anos já passaram.
Relembro a minha infância e as companhias de tantos verões. A conclusão a que chego é rápida: nunca vejo os meus amigos de algures. Por que é que a vida é uma corrida rápida e terrível? Acho que todos eles sabem que gosto deles, como nos dias em que lhos dizia, com um sorriso grande e uma lágrima de dor na hora da despedida. Naquela altura todos éramos simples crianças regidas pelo sentir, mas agora somos pessoas ocupadas, pessoas cansadas.
Muitas vezes penso que amanhã vai ser o dia em que vou ligar-lhes só para lhes mostrar que penso neles, imenso, que sinto a cada minuto a sua falta. O problema é que o amanhã vem, o amanhã vai, e a distância entre nós cresce e cresce... A meninice em que cresci está à distância de fotografias arquivadas em cd’s e em simples números de telefone, mas é o mesmo que estar a milhares de quilómetros de distância...
Tenho medo que um dia chegue a notícia de que um de nós desapareceu hoje. Depois de tanto tempo, é isto que recebemos e que merecemos. Naquela baía, um amigo desaparecido. Ninguém imagina como temo isso… Já uma vez dei por alguém partir, alguém daquela nossa família. Ainda que fosse como um primo afastado, era alguém, era um de nós e nunca vou esquecer o ter de partilhar aquela horrível notícia, o ter de ver lágrimas, o ter de sentir o coração a rasgar-se porque alguém partira. Não quero que aconteça connosco, de maneira nenhuma. Os dias passam e passam, mas em todos os eles me lembro de caras, de momentos, de histórias, de uma vida em que cresci e aprendi as maiores lições que me tornaram naquilo que hoje sou. Se algum dia aprendi o que é amar, foi quando entrei naquela casa, quando vi aquela praia, quando neste momento me martirizo por querer lá estar e não poder.
Tenho falta de todos, de tudo, do sempre. Vai ser para sempre, prometemos vezes sem conta. Vamos fazer com que o seja mesmo. Não consigo viver sem tal esperança… Para mim aquela será sempre a casa, aquela será sempre a praia, aquele será sempre o espírito: o nosso. Odeio-me por vos sentir longe, por querer estar fechada naquela casa e perdida naquela terra convosco e não conseguir… Lembro-me muito dos amigos que tinha algures. Só queria tê-los de volta e viver tudo uma vez mais.
Hoje libertei-me, porque tenho saudades de cada pequeno pormenor lá vivido, porque tenho saudades que me rebentam o nó na garganta em lágrimas sofridas e porque não quero que o tempo leve tudo embora… Por isso, para mim e para todos nós, lembremo-nos de dizer sempre o que sentimos. Se sentimos saudades de tudo isto, gritemo-lo. Não tenhamos medo de nos expressar, é tão melhor dizer a alguém o que significa para nós. Não quero deixar o tempo passar, porque quando decidir que aquela é a hora certa, tenho medo que possa ser tarde demais…
Quero que o meu coração fique sempre perto destes meus amigos. Foram eles que ajudaram a formar a pessoa que sou hoje.

domingo, 14 de junho de 2009

II

Acordei doente, ajudada por uma moleza incrível. Agarrei num livro e pûs-me a ler...

"O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido, a cada momento
Para a nova eternidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar..."

Alberto Caeiro, in Poemas
Há quem o ache maluco, existem até imensos jovens espalhados por esse Portugal fora que neste momento o odeiam e o temem. Eu sempre admirei a forma de, ao não dizer nada, conseguir dizer sempre tudo. Realmente, Fernando Pessoa tinha um dom inato de dizer as coisas como elas são verdadeiramente. Li estes versos ao acaso e, quando os li, facilmente os reconheci em mim. Não seria mais fácil se todos saíssemos lá para fora e olhássemos as coisas como elas são? As expressões das pessoas, a disposição dos edifícios, as ervas daninhas que crescem algures, os carros a passar, o mundo... Mais fácil não sei se seria, mas certamente que era mais puro. Andar somente pela rua e sentir as coisas como elas são e se apresentam a todos, seria pedir demais. Alias, é pedir de mais.
Pessoa acreditava fazê-lo, não tinha dúvidas. Eu já não tenho tanta certeza, certeza nenhuma até. Hoje em dia o pensamento do que se vê está presente em tudo, até quando é o coração que quer gritar mais alto. Não deveriamos apenas vaguear por aí em vez de racionalizar tudo aquilo em que tropeçamos?
Enfim, deve ser da doença...

quarta-feira, 10 de junho de 2009

o Teu soRriso.

Lembro-me da primeira vez que te vi sorrir. Foi um esboçar dos lábios tímido e embaraçado, mas desde aí que se tornou sincero. Depois disso já te vi sorrir mais vezes. Fosse de vergonha, alegria, comoção, tristeza... Cada riso teu, fosse qual fosse, tinha ainda um ponto em comum. Talvez até a sua característica mais importante... Não sabes qual? Eu relembro: a humildade. Em cada sorriso teu é possível ver o quanto és humilde. O quanto respeitas a vida e a valorizas, o quanto gostas do que te rodeia e o quanto olhas para tudo com a tua modéstia verdadeira.
Recordo cada sorriso teu. Num onde te dizias sentir envergonhado com a situação, noutro onde agradecias um gesto singular para contigo e outro ainda onde até os teus olhos sorriam, tal era o amor que emanavas ao olhar para aquela criança. Sabes, há momentos que nos marcam e a todos eles estão associados alguém. De ti, posso dizer que me marcas tu e que tenho momentos a que te associo. A verdade é que, em cada um desses momentos, estás sempre a sorrir, na tua melhor forma: a pureza. Já cheguei a não te ver e a saber-te sorrir à mesma. A forma de como falas, escreves, comunicas, demonstra tudo aquilo que acabas por sentir. E quando sentes um riso, é completamente gratificante ouvir-te, mais ainda do que todas as outras vezes.
O problema é que também já te ouvi sem o teu sorriso nos lábios. Pareceu-me tão estranho, que me foi difícil reconhecer-te... Aliás, onde estaria a força que só tu sabes ter? As barreiras que nos colocam pelo caminho, são difícieis de ultrapassar... Sabes, lembro-me de em Educação Física ter de as saltar e tinha imensa dificuldade. Desmanchava-me toda para que o conseguisse, mas até eu, na minha pequenês, lhes passava por cima. Agora tu, aí no teu alto dessas pernas longas, certamente que o conseguirias fazer bem melhor do que eu, não é? Tens o impulso, a vontade, a técnica do salto. O que te falta? Somente aquilo que melhor sabes fazer: sorrir. Emanar felicidade. Quando acreditamos em alguma coisa, mais fácil é para que tudo seja como acreditamos que vai ser. Eu acredito em ti, no teu sorrir, na força que ele transmite e em tudo aquilo que és. Eu acredito, com todas as minhas forças. Acredito com as minhas dificuldades em saltar as barreiras e com o meu sorrir disforme e autêntico. Eu acredito em ti. Não será mais fácil olhares para o infinito, sorrires e gritares que és capaz?
Vem daí, eu dou-te a mão. Ainda que a minha força não seja imensa, estou aqui para te puxar e amparar. Vem, solta a vontade que tens de vencer. Vamos saltar as barreiras e mostrar que afinal conseguimos mesmo ultrapassá-las, com mais ou menos facilidade. Anda comigo e acredita, traz a tua humildade de novo e sorri. Sorri, sabes porquê? Porque quando sorris quem se depara contigo de frente sabe que chegaste para vencer.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

as cores.

Perdi-me em pensamentos enquanto conduzia por aí. O caminho já está automatizado e àquela hora não haviam carros à minha volta... Não consegui encontrar uma conclusão para nada, como até já tem vindo sendo hábito. Afinal parece que há tanto em que pensar que a continuidade da vida não se mete em questão.
Por mais que corra e ande de um lado para o outro, existem coisas que nos são fundamentais: os momentos. Momentos de um existir que é real a cada inspiração, contacto, sentimento. Nos últimos dias, por mais que tivesse corrido, tive uma vida cheia. As cores invadiram o meu espírito e por mais cansaço que pudesse haver no meu corpo, todo o espírito respirava harmonia. A união e o empenho em torno de algo levam a que tudo ganhe sentido. Mas efémero, como os momentos marcantes.
Posso afirmar que mesmo cansada, estou preenchida. As cores permanecem num sorriso sincero e naquele olhar distraído com cada coisa. Calma, tentando não assustar ninguém com os meus gritos automáticos, sou eu mesma. Sou de vermelho com paixão da vida, de laranja com alma quente a cada dia, de amarelo como o sol que traz a luz, de verde com esperança, de azul com a àgua como o mundo que me é essencial, de indígo com um mergulho profundo no mar, de violeta com a essência das flores num dia perfeito.
Sou de todas as cores do arco-íris porque foi em torno do arco-íris que os últimos dias ganharam sentido. Sou de cores diferentes, de pessoas especiais, de momentos, esses momentos, que de tão simples que são tudo dizem. Por mais que corra e me perca, a vida será sempre a prioridade.

sábado, 6 de junho de 2009

keep fighting

Correu de encontro ao vento que a fazia chorar de tão forte que soprava. Seguia descalça e sozinha numa rua sem ninguém, apenas porque necessitava de seguir em frente e sair dali. A vergonha consumia-a e já com a maquilhagem totalmente esborratada, nada mais havia a fazer. Assumira perante todos aquilo que era na sua plenitude. Sem definição exacta, somente ela. Pensou que tudo iria correr bem, mas afinal não tinha sido assim tão certo...
Os olhares de recriminação perante a sua figura eram como feridas a rasgar-se que agora de encontro à brisa ardiam ainda mais. Seria assim tão complicado alguém aceitar que um outro pode ser diferente? Foi por isso que fugiu, acreditava em si e na sua pureza. Por que motivo haveria de cair só porque outros o pediam? Desde que acreditasse em si, nada a demoveria.
Em passadas cada vez mais largas, o cabelo já esvoaçava também ele embalado. As lágrimas quentes continuavam a cair e as feridas, essas, já nem as sentia. Fosse onde fosse o local aonde chegasse, saberia ser capaz. Capaz de tudo, porque o seu espírito continuava intocável... Não acha que seja errado sentir cada inspiração.
Por isso continuará, sempre a tentar, em busca do lugar onde alguém lhe dê sentido e acredite na sua capacidade. Ela, acredita. Não será isso o mais importante? Por isso, sem certezas, corre por aí, sobre as pedras da calçada. Quando parar no seu próximo destino saberá que continuou a lutar. Apenas isso.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Saiu à rua sem saber o que a esperava, de tão concentrada que estava em histórias inúteis. Decidiu ser como simplesmente era, nada havia a perder. Aos poucos, as pessoas foram-se aproximando num corropio natural e logo aquela prendeu a sua atenção... porquê?
A conversa surgia, quieta e calma. Sem medos, pressões, ambições. Apenas palavras soltas e emaranhadas num discurso de plenitude e harmonia. Que podia esperar mais? Nada, nada mais. Empurrada pelo vento continuou estrada fora. Porém, agora não caminhava sozinha: haviam mais dois pés ao seu lado, com ritmadas passadas sem rumo definido.
A aprendizagem estava-lhe inerente: a cada palavra escutada ou proferida, ela sabia estar a aprender. A aprender da vida, do modo de caminhar mais facilmente sem cair. Até que, sem dar conta, descobriu a solução que há muito ansiava. A calma personificada numa voz, sem que nada a perturbasse, fosse porque fosse. Afinal não estava assim tão longe... Demorou foi um bocadinho a chegar. As suas histórias inúteis desvaneceram-se e ela decidiu construir apenas uma: a vida real.