domingo, 29 de setembro de 2013

faz o teu caminho, fico no meu

Sai. Desaparece de vez. Leva tudo contigo e não voltes atrás. Não me deixes sequer ter saudades ou cair na fraqueza de expressar que te gosto. Estou cansado, exausto. Preciso de dormir sobre ti e acordar passado muito tempo, sem saber que te sonhei.
Quero passar por ti na rua e sorrir-te sem pensar em mais nada. Sem me lembrar do depois, no que há mais para além do esboçar de algo com os lábios. Leva todos os acessórios que me pregaste e deixa-me apenas a simplicidade de outra pessoa qualquer, uma dessas por quem passamos na vida.
Estou sem forças para me debater contra ti, estou farto de o fazer e não ver resultados. Por isso deixa-me, deixa-me somente. Não me consumas mais o pensamento, as forças, a lucidez. Vai embora e fica só por ficar. Podes ajudar-me e fazer isso? Não te é difícil. É só deixares o olhar cúmplice e virares costas, caminhando com passos firmes. Dizendo um até logo para que, quando te voltar a encontrar, sejas normal. Só normal. É normal que te quero, não isto.
Já chega do mais. Chega da confusão que armas, do pânico que instalas, do medo que consomes. Sai e desaparece de vez. Vai numa caminhada decisiva e manda-te de cabeça para o futuro. Deixa-me só aqui, sossegado. Depois, quando nos voltarmos a encontrar, falamos. E quem sabe se quando falarmos já terá passado tudo isto e por isso consigamos ser cúmplices de uma forma doce de novo.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

inexplicável

É inexplicável. E é-o, porque o é.
A cumplicidade instantânea e pura, sem combinação prévia, na verdadeira acepção da palavra. É-o, porque o é. Porque não poderia ser de outra maneira. Porque não daria para ser doutra maneira.
E a mínima falha sente-se. Ressente-se. Volta a sentir-se. Não magoa, mas custa. Não parte, mas deixa mossa. Porque quando não é tudo e passa a ser apenas quase tudo, sente-se. Não está, mas vai estando.
Continua a ser inexplicável, porque o é. Quando o mundo nos dá um prato cheio de coisas boas temos de as saborear todas. Se nos tiram um ingrediente, o sabor não é o mesmo. E sem um pedaço do sabor, nunca será o mesmo. Foi-o ontem, foi-o até à pouco. Agora não o é. Será amanhã? Será daqui para a frente? Sê-lo-á como o foi?
Continua a ser inexplicável. O princípio, o meio e o fim que não tem. E é-o. Porque o é.
Porque o será sempre, mesmo sem a cereja no topo do bolo.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Mais perto de ti

Hoje chorei.  Bebi palavras de dor que antes foram de esperança. Gritei-as com medo, frustração e impotência. Hoje o "mais perto de ti" parece esfumar-se com as palavras rotineiras.
Se dantes o encarava com esperança e crença de que tudo poderia ser diferente, melhor e inigualável a cada dia, hoje vejo-o com o medo de que o que agora é especial, daqui a um tempo passe a ser um pedido implorado e sofrido para que tudo permaneça.
Havia a certeza de que "se tudo acabar, nós voltamos a começar". Agora haverá? Sinto o distanciamento a chegar, disfarçado pelo hábito e pela rotina. Não o quero, mas não tenho força para conseguir mandá-lo embora sozinha... E tento, tento muito.
Hoje bebi palavras de dor que antes foram de esperança. "Diz-me o que pensas, não o que eu quero ouvir", faz-me voltar á esperança de que aquela cumplicidade que apenas nós sabemos a que sabe vai continuar a dar significado ao para sempre.