quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

dizer vs não dizer

Seria tão mais fácil se eu conseguisse explicá-lo. Seria tão mais fácil se eu pudesse encontrar as palavras certas para definir este aperto sempre que vejo a tua imagem. Seria tão mais fácil se eu te dissesse tudo, com as letras todas, mas não sei que letras são essas. Seria tão mais fácil... seria?

Talvez não. Talvez colocá-lo em palavras banais lhe retirasse toda a sua autenticidade, mas a tua falta é tanta que se não o disser parece que a sinto ainda maior. Por isso acho que seria mais fácil se o explicasse, ainda que ao mesmo tempo acredite que perderia sentido. Não sei estar sem ti, chega dizer isso?

Não sou capaz de colocar em palavras que conheça aquilo que sinto dentro de mim quando sei que estás longe. Não consigo reprimir um aperto que dói, que custa a passar, mas também não encontro uma explicação lógica para a sua existência. Não tenho capacidades para explicar o que quer que seja, pois é tão puro que a sua inocência não mo permite expressar.

Sim, talvez fosse mais fácil se eu conseguisse explicá-lo, com letras, com palavras. Mas será mesmo necessário? Talvez não. Talvez o meu sorriso ao ver-te numa imagem seja suficiente. Talvez as minhas lágrimas que caem enquanto olho para essa mesma imagem sejam suficientes. Talvez o meu nó na garganta seja suficiente. Talvez o meu coração aos pulos seja suficiente. Talvez, talvez todos os sinais físicos provenientes do que sinto sejam suficientes.

Então não importa, não importa que seja mais fácil se o conseguisse explicar. Para quê? Sem o explicar, sem a facilidade de colocar tudo em palavras, sei que o sinto... e senti-lo, e sentir-te, vale muito mais a pena. Afinal de contas, não estás aqui agora e eu sinto muito a tua falta. Sinto muito a tua falta, de ti e do teu abraço. Que, tal como eu, sem palavras, diz tudo, sem nada dizer.

sábado, 25 de dezembro de 2010

um pequeno peluche

Se um pequeno peluche pudesse falar, encontraria a forma mais infantil e simples de partilhar contigo todas as palavras que partilho com ele. Dir-te-ia tudo, até mesmo aquilo que não lhe sei dizer. Companheiro de horas de sono e de todas as horas do dia, só ele sabe o que ainda me seduz. Só ele sente aquilo que sei sentir, porque agora só ele me parece conhecer com todas as letrinhas pelas quais sou escrita.

Na sua camisola laranja, que já vai ficando larga de andar sempre com ele na mão, o pequeno peluche enche o peito de ar e respira com força. Está cheio de amor, enchendo sempre mais e mais a cada minuto que passa. Mesmo que possa andar dentro do meu bolso, só ele me acompanha nas pequenas coisas rotineiras de um dia comum, perdido entre tantos outros.

Pois é, se o agora meu pequeno peluche pudesse falar, dir-te-ia aquilo que eu já não consigo exprimir. Ele é como tu, importante e indispensável. Com ele sei ter-te mais perto quando sei estares mais longe... e não consigo afastá-lo muito tempo de mim. Um simples boneco pode tornar-se no objecto mais importante que temos connosco. Basta sonhar, basta querer e basta sentir.

Assim, se todos tivessem um pequeno peluche como eu tenho, poderiam partilhar com ele até o impossível. É que, sem falar, encontramos um grande amigo que podemos abraçar, a qualquer hora, a qualquer momento e sentir-nos reconfortados com isso. A imaginação leva-nos onde queremos e o amor move-nos até qualquer lugar. Aliando tudo isso num pequeno peluche, posso sentir-me querida mesmo sabendo que hoje não estás aqui.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

falamos?

Sabes aquela vontade incessante de falar, mesmo que nada haja para dizer? É isso, é mais ou menos isso. É como um furacão dentro da minha cabeça, que quer sair e ir ao teu encontro para te fazer sentir num reboliço, sabendo que te encontro algures e que, finalmente, estou contigo.

Os dias passam mas demoram a passar, as ocupações parecem não existir quando afinal há muito para fazer. Não consigo largar o meu pijama e não me apetece sair à rua, já sei que não te vou ver lá. Não quero conduzir porque não sei que caminho tomaria. Não quero sequer tomar o ar de lá de fora com medo que esteja frio demais, pois sei que não vais estar por perto para me aquecer.

É assim que me apetece falar, dizer e conversar, mesmo sem um assunto concreto para o fazer. Falando contigo sentir-te-ia mais perto e talvez isso me aconchegasse a alma. O meu coração está longe de mim, porque o enviei contigo. Os vestígios dele que restaram em mim dão-me conta de uma saudade que mói, que dói e que corrói.

Nunca pensei que custasse tanto... mas também nunca pensei que iria gostar de ti desta maneira. Há que aguentar os dias que parecem ter o dobro do tempo. Há que ter esperança, ter imaginação, e visualizar, na minha mente, a imagem feliz da minha pessoa a correr de encontro a ti. Depois, num abraço, não te falaria sequer, para me poder reencontrar.

(Imortais - Mafalda Veiga)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Abraça-me bem

Conseguiria descrever cada traço do teu rosto, se mo pedissem. Seria capaz de pintar o teu sorriso com lápis de cor, se mo pedissem. Repetiria o timbre da tua voz, se mo pedissem. Montar-te-ia na minha imaginação como o ser magnífico que és, tal como faço sozinha a cada minuto que passa.

Deixei de ter medo de mim mesma, para passar a reencontrar-me com aquela faceta que andava perdida, sem encontrar rumo por entre os caminhos da vida.

Deixei-me naufragar em ti para passar a conhecer-te. Hoje, não quero largar-te mais. Abraças-me bem?

(Abraça-me bem - Mafalda Veiga)