quinta-feira, 27 de novembro de 2014

caminhos

Estou aqui. Estás aí.
Vejo-te, penso-te. Ainda saberás quem sou? Lembrar-te-ás de mim?
É penetrante o teu nome nos caminhos que percorro com o pensamento, como uma pegada que precisa de ser definida para se lhe atribuir um dono. Não sei porque aqui andas, nem sei sequer como encontraste este trilho.
Questiono-me se me verás tu. Se saberás que aqui estou, assim, a percorrer o chão enquanto espero que nos voltemos a encontrar ao dobrar da próxima curva. Estarás lá?
A incógnita que me soltas é um amontoado constante de pontos de interrogação a ganhar vida na minha mente. E eu permaneço aqui. Tu permaneces aí.
Irei mostrar-me forte quando na verdade estarei a desmoronar-me. Não o saberás - não posso ser eu apenas a não saber o que seja.
Eu não sei se me vês, se me pensas. Se sabes que estou aqui, enquanto estás aí. Que me sentes, que te lembras.
Haverá algo para lembrar?
O caminho continua, no infinito daquilo que somos. A marca do teu pé continua disforme e não sei que lhe significado lhe atribuir. Podes decidir-te? Muda de rumo de vez.
Ou então deixa que sejamos, em vez de eu apenas ser e tu apenas seres.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

barreiras

O que eu gostava?
Era de sentir reciprocidade. O teu esforço. Ou pelo menos a tua compreensão.
Se somos o que somos, porque não podemos ser como deveríamos?
Acho que não estou mal, mas acho que estou mal. A minha postura não é compreendida, a minha tentativa sai frustrada e o que era suposto que fossemos só se afasta a passos largos.
Não que o queiramos, mas porque o provocamos.
E o porquê? O porquê é o que me leva de encontro às pessoas difíceis, indefinidas, tão como eu que em vez de ajudar só desajudam. Frustram, não magoam. Fazem querer superar barreiras insuperáveis. Mas tenta-se, isso sempre. De saltar a barreira sem lhe bater com o pé e a mandar ao chão. De lhe passar por cima com facilidade e leveza, coisa para a qual nunca tive jeito.
Afinal nunca soube ser de outra forma. Se gostava de o ser? Não sei.
Mas gostava de ser como sou. Superando-me.
Ajudas-me de uma vez?

domingo, 11 de maio de 2014

não sei. mas,

A vida tem coisas que nunca iremos perceber: sentimentos. Maus ou bons. Incompreensíveis ou não. Mas sempre imperceptíveis. Porque se entranham sem que o peças. Porque se criam sem que dês conta. Porque são puros por serem teus.

Arrogância, escárnio, indiferença. Foi o que vi.

Mas sou como sou. Não me dou por vencida. Se entra na minha cabeça, nela se manterá até se alcançar. Para além de ver, quis comprovar. Quis sentir. Sentir-te. Afinal, quem és tu?

Meiguice. Honestidade. Talento. Preocupação. Simpatia.
Inocência. Pureza. Timidez, até.

A prova que o que vemos à primeira, quase nunca é real. E que os sentimentos se criam conforme vamos conhecendo, mesmo que sem nada conheçamos. Porque a magia é essa.

Importas. Importas-me. O que te quero? Que sejas tu. Por que razão o quero? Porque gosto de ti. O que me leva a gostar de ti? Não sei. Mas gosto.

Já o disse, a vida tem coisas que nunca iremos perceber. Sabes porque é que gosto de ti? Eu não sei. Sabes porque é que gostas de mim? Não sei e acho que é loucura momentânea aí dentro.
A grandiosidade do que és é genuína por isso mesmo - por arranjares um espacinho para gostar de mim. E pior: por fazeres com que acredite nisso.

Acho que, se ao acaso leres isto, não pensarás que para ti é. Mas é.
Se disseres que te escrevi isto, direi que é mentira. Mas escrevi-to.
É que sou assim, sem razão de ser. Tal como tu para mim.
E é por isso que constantemente o tento por em palavras. Tudo isto foi totalmente imperceptível. Sem explicação, sem antevisões, sem prognósticos.

E é por ti que as coisas da vida que nunca iremos perceber são as melhores.
E é por isso que sei que por teres passado no meu percurso, fui muito mais rica.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

R

Não, não me esqueci.

Tal como não me esqueci de como começou esta descoberta do "nós". Improvável, construída de forma singular, desde logo verdadeiramente honesta. Sem nunca colocar em causa o porquê, apenas deixando que o tempo fosse o guia deste caminho que vamos percorrendo.
E quando me perco, bem sei que é à tua porta que tenho de ir bater. É sempre de lá que virá a palavra que me deixa calma mas, acima de tudo, que me ajuda a encontrar a razão. Vês como não me esqueço?
Lembro-me da partilha. De neuras, de ciúmes, de parvoíces, de conversas sem sentido, de apoio, de momentos importantes e, sobretudo de amor.
Isto de amar alguém que escolhemos ter na nossa vida tem muito que se lhe diga. Há quem o ache estúpido ou apenas palavras saídas da boca para fora, mas sei que tu saberás que isto é uma coisa minha. E por ser minha e por ser para ti, sei que a compreenderás. Como compreendemos aquilo que nos damos.
Sei que sabes também tu o caminho para a minha porta e que nunca deixes de lado a convicção no teu punho para lá bateres.
A improbabilidade que nos juntou é aquela que nos mantém juntas. Utópico, é certo, mas tão meu... não é? O problema é que acredito que somos capazes. Acredito que nos manteremos. E se acredito é quase impossível dar-me a volta...

Não, não me esqueci. Como poderia esquecer-me?

Parabéns pequena.