terça-feira, 29 de abril de 2008

Respirar.

Espetou-se-lhe no peito e as lágrimas rolaram.
Sem raciocinar, apenas imóvel e quieta.
Memórias, lugares, pessoas, tudo, cada momento na sua mente, cada recordação na palma da sua mão. Podia soprá-las ao vento ou guardá-las para sempre. Podia guardar-lhes a felicidade e tapar-lhes a mágoa. Podia aproveitá-las, mas não conseguia transformá-las em passado.
Nunca seria algo deixado para trás, pois nunca deixaria de existir.
Mas elas caíam, insistentes e repetitivas. Não paravam, sabe-se lá porquê.
Eram o espelho de uma alma afogada que soltava naquelas ondas o excesso de que não precisava para poder respirar.

terça-feira, 15 de abril de 2008

As minhas 7 Maravilhas

Pois é, aqui está um desafio que me foi deixado pela minha amiga Diana e que me faz escrever pela segunda vez hoje, visto que só agora me lembrei de ir dar a revisão aos meus blogs amigos e ler o que escrevem, ainda que ela me tenha lembrado há imenso tempo. Enfim, nem é preciso comentários não é? Desculpa rapariga! Aqui vai então disto, é o que sair, que é para ser mais autêntico!
1ª maravilha minha:
Ser feliz! É lindo, sei lá, é brutal. Adoro, amo ser feliz. Acordar e ir para o espelho com uma cara de nem sei o quê e cantar, dançar de felicidade. É maravilhoso, pois é.
2ª maravilha minha:
Mimos. Adoro mimos. Mimar e ser mimada, é mesmo bom. Ainda faz com que se concretize mais a primeira, sabe?
3ª maravilha minha:
Ter a minha família e os meus amigos comigo. Olhar para as caras que todos os dias me fazem gostar de mim. Os meus pais e a piteca mais o puto, o meu bixinho, os verdadeiros amigos que, embora poucos mas excelentes, se mantém e aquelas amigas que a cada dia são mais minhas - Ni, Cata, Sofia.
4ª maravilha minha:
O meu Milkie. Opah, eu amo o meu carro, ninguém tem noção. Precisa que lhe limpe o pó!... Adoro conduzi-lo, sinto-me mesmo bem, livre! E quando ele ronca a pedir a mudança acima, cada vez mais depressa mas sempre tão bem. Pena que beba tanto, coitadinho. Mas eu amo o meu carro, bolas!
5ª maravilha minha:
O meu Benfica. E nem quero comentários de lagartagem e tripeirada odiosa aqui. O Benfica é o maior clube do mundo. E é o meu! Acabou, é maravilhoso e não há discussão.
6ª maravilha minha:
Pronto, vou ser gulosa: Um sundae de chocolate com as nozes. Ai fogo, é um pecado, juro. Quando as parvas das mulheres são forretas com o chocolate e as nozes fico mesmo aziada, fogo, parolas!
7ª e última maravilha minha:
Comida vá, de novo. Aquela massa do QuasiPronti que a Ni me ensinou! É fusilli com molho de natas, cogumelos e fiambre, mais milho, azeitonas e atum. Ai senhores, que antes de um sundae é tipo a 8ª maravilha do mundo!
E aqui está, deixo agora o desafio para a Ni e a Florbela! Se o quiserem fazer, é só seguir o exemplo!

Tão perto e tão longe.

Entrei aqui e deparei-me com a minha página.
A música começou a tocar, e fiquei a escutá-la, olhando o infinito e apenas a assimilar a letra.
Recordações mágicas atravessaram o meu espírito e sorri, com cada uma mais presente que a outra. Depois, tive o medo comigo, aquele que agora me atravessa a caminho de algo que parece um martírio, um fim longínquo de que sempre que parece acabado, volta, sem cessar.
Vivi a música, palavra por palavra, e soube que a sentia.
Há sempre um bocadinho bom dentro de nós, sempre uma identificação de um momento, um sorriso e uma lágrima.
Porque se choramos, rimos. Se rimos, se rimos, somos felizes. Se os fazemos em conjunto, nada de melhor há.
Porque tão perto e tão longe te tenho aqui, com vontade de mim, com amor de ti.
Mesmo sem chorar, rio sem fim. Afinal, cada sorriso solta uma gota feliz, que sei estar presente.
O que existe num conjunto, partilhado e diferente, é único. E tão perto e tão longe somos apenas nós, uma alma especial.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Desilusão.

Em vez de deixar o título para o fim, hoje foi a primeira coisa que aqui escrevi.
Nem sei bem como me sinto. Esforço-me por reter a água que quer sair dos meus olhos e pronto. Não consigo perceber que mais fazer. Tentei de tudo, empenhei-me. Agora, vejo o sonho real a ficar mais longe, a ficar mais difícil. Tento raciocinar e o meu pensamento apenas me diz que a partir de agora não vai ser mais assim. A minha atitude muda, eu mudo, não vai ser igual. Não quero que seja.
Muito já ficou para trás e é isso que agora magoa. A frustração e o ver tudo colocado em causa. Por causa de algo que não consegui concretizar. Mas porquê? Porque não consegui? Nem eu sou capaz de o dizer, isso custa. Não raciocino, firo-me.
Agora, só acho que estou desiludida.

domingo, 6 de abril de 2008

Recordações de mágoa.

Comecei com recordações e soube que viria aqui parar. Apetece-me escrever e mesmo que saia um texto enormíssimo que ninguém vai ler, facto a que já me acostumei, tenho de soltar, uma vez mais, as amarras que me prendem a garganta e me fazem ter vontade de romper tudo e gritar, na cara de quem merece, de uma vez só.
Os sentimentos de traição, imcompreensão e perda são bastante recriminatórios. Já pensaram o que é senti-los todos juntos? Deve ser algo extremamente enervante. E é, meus amigos, é sim. Digo-vos porque o sei, porque sempre que me lembro disto me dá vontade de mandar cabeçadas na parede e chapadas que já deveriam ter sido dadas.
Gostava de poder apagar memórias, recordações de pessoas que me foram muito e que neste momento não me são nada. Que chegaram a este ponto porque lé se colocaram. Gostava de poder disfarçar as cicatrizes das facadas nas costas, que levei, uma após outra. Gostava de não me importar com isto. Fiz tudo o que poderia ter feito. Gostava, essencialmente, de entender porque tudo chegou a este nada.
Lembro-me de todos os supostos melhores amigos que tive, daqueles que diziam gostar de mim e apoiar-me num sempre que pelos vistos já acabou. Todos. Podia aqui enumerá-los do primeiro ao último. Ainda assim, não vou fazê-lo. Se me apagaram, porquê dar-lhes essa importância? Há pessoas com as quais nem sempre fui correcta, mas, graças a qualquer discernimento, consegui dar a mão à palmatória e assumir que errei. Entristece-me saber que há quem sinta que errou comigo e não seja capaz de me dirigir uma palavra.
Chegou a mesquinhice, a sobreposição de uns sobre os outros, a manipulação de mentes desprotegidas que procuram algo sem saber o quê. E são esses que mais doem. Os que foram embora apenas porque alguém os puxou e obrigou, esse alguém que me esfaqueia, noite após noite. Agarra na sua faca e encosta-lha ao pescoço, àquele meu amigo, dizendo que agora é dele e pronto. Assim que o tem consigo, volta-se para mim. Sorri, com aquela cara desdenhosa e puxa-me um braço. Vira-me, ergue a faca e zás!, já nem sinto dor. Sempre, sempre a mesma face, o mesmo corpo nojento, a mesma alma imunda de necessidade de afirmação. Podia variar, podiam ser também outras facas, de outros donos, mas não, é sempre a mesma, já ensanguentada e pronta para me magoar.
Mas que se lixe a faca, que vá para a merda. O que importa, aliás, o que eu quero salientar aqui de relevante, é o facto de, seja porque motivo for, todos os que se encontravam de braço dado comigo rapidamente passam para o lado de quem me esfaqueia. E assistem, incólumes, ao meu cair de joelhos no chão. Acho que, lá no fundo, até acham graça. Não são eles quem cai!
E nem sei, nem sei bem que diga. Outros, leva-os o tempo. Não me esqueço deles. Foram importantes!... Mas não é que, em quase todos, está sempre presente aquele punho cerrado em torno do cabo da faca? Poucos são os que não estão lá, daquele lado a olhar para mim, sem compaixão ou saudades de um passado.
Mas tento, não desisti. Caída no chão, de joelhos, com o sangue a escorrer-me pelas costas e as lágrimas pela face, eu gritei. Pedi ajuda, implorei que me dessem a mão. Amigo meu que agora, sem dó nem piedade, te passaste para o inimigo, vem cá, arrepende-te, vem cá, volta atrás e ajuda-me. Por entre pingos da minha chuva, julguei ver um sorriso e algo que se esticava na minha direcção, mas eram apenas ilusões de óptica. Eu tentei, pedi ajuda, pedi que tudo voltasse. Apenas quando vi que mais nada havia a fazer, parei, deixei-me ficar ali, enrolada em mim, ganhando forças para me levantar.
Quando o avermelhado espesso deixou de correr, ergui o peito em direcção à luz. O sol mandava-me levantar, será que eu conseguia? Respirei fundo. O meu corpo foi-se mexendo e nas minhas costas formava-se mais uma crosta. Questionei-me: Que mal fiz eu? Depois de tanto pensar, cheguei a demasiadas conclusões inconclusivas. Será que tinha sido por ter gostado de mais? Ou por ter acreditado num olhar e num sorriso elucidativos? Nem sei.
Depois de relembrar uma vez mais todas as facadas de que, a pouco e pouco, me esforço por apagar a cicatriz, apenas descortino um título para todo este emaranhado que às vezes nem eu entendo. São somente recordações, recordações de mágoa.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Um sorriso e um bom dia para si.

Hoje, quando ia para a escola e estava a entrar na estação do comboio, dei conta daquela Senhora que lá está todos os dias, sempre cedo, a distribuir o jornal. Pensei em escrever sobre ela. Passa lá imenso tempo, com os jornais no braço, dobrando e esticando um de cada vez à medida que as pessoas entram na estação, apressada para poder chegar a todos e com um bom dia na boca, murmurado enquanto já dobra outro exemplar daqueles, prestes a entregá-lo.
E decidi então escrever porque, sempre que lá passo mais cedo e me deparo com ela, quando a simpática senhora, com o seu ar quase assustado de tanta rapidez com que estende jornais, me dá os seus bons dias eu faço questão de lhe sorrir e dizer bom dia. Nem preciso de parar, apenas lhe retribuo o que ela me dá. Será assim tão estranho?
Sentei-me no comboio e dei por mim a questionar-me sobre isso. Passam por ali centenas de pessoas numa manhã. Serei a única que lhe retribui? É que, quando passo, ainda que rapidamente, não vejo mais ninguém a tomar uma atitude idêntica à minha. Aliás, será que a senhora, de tão aterefada que está, repara no meu gesto? Espero que sim. Mesmo que não, faço-o com todo o gosto. Porque não começar o dia a sorrir?