quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Tic-tac (1 - perdido - de 15.04)

Tic-tac. Tic-tac. Tic-Tac.
Num a tua cara, noutro o teu nome.
E alguém poderia adivinhar que se ergueria algo assim?
Entre os momentos o coração acelera em picos de adrenalina, transformados em medos sinceros deste nada nunca passar a ser o perto de tudo. Os desejos ficam ansiados e já não se sabe o que querem alcançar… Será demasiado? Será apressado? Será, até, propositado?
Tens de entender: a minha calma ficou abalada no momento em que, na tua inocência, fizeste abrir uma passadeira para o meu coração.
A responsabilidade aumenta, o querer alcançar o propósito de tudo num ápice é incontrolável, ainda que impossível. Sabemos que o tempo dirá o resultado, porque diz sempre. Mas é assim tão mau não querer esperar?
É que a felicidade está já ali, ao virar da esquina, e o tic-tac que me percorre o cérebro enquanto para lá caminho faz com que os sorrisos e as lágrimas sejam irmãos. Quer de medo, quer de amor.
Mas afinal de contas como é que controlamos isto? Como é que modelamos quem somos no percurso até que ambos sejamos?
Estes tic-tac inexplicáveis são os mais puros, os mais inquietos. Os mais autónomos e também os mais esperançosos.
No meio desta construção que esperamos forte, um pensa demasiado enquanto outro vive.
Ajudas-me para que vivamos somente os dois?

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Z



Perguntam… “o que foi que aconteceu?”.
Foste apenas tu, que decidiste amarrar-te a mim sem que o assumas, tal qual o ‘Z’ marcado por aquele sonhador de capa negra em noites escuras, que não pretende mais se não ensinar a vida a deixar-se amar.

domingo, 9 de agosto de 2015

26 de Junho de 2015, 03:30

Foi uma exclamação. Foi o ponto que terminou os factos que me deu a certeza de que é melhor deixar o teu caminho. De que ganharei mais se me deslocar noutro sentido. Foi a assertividade inequívoca dos factos.
Contigo não quero factos, quero redundâncias que tragam os sonhos e esperanças não reprimidas. Quero verdades intencionadas e não nuas e cruas. Quero a expectativa de um novo dia, de uma nova hipótese. Quero um sorriso e um olhar, ambos no mesmo sentido, em sintonia de ambições.
Deste-me a exclamação. Deste-me o "cala-te" mais silencioso de sempre. Devia ser-me suficiente para agarrar em mim e ir por outro lado. Devia contentar-me com os teus factos em vez de querer o indefinido. Mas não, não consigo. Não desisto, não sei como o fazer.
O teu perfil é demasiado presente para que consiga mandar-te fora como queres. Não me peças isso. Foi uma exclamação. Podes antes deixar-me as reticências?

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

gritos mudos

Impassível.
A música toca e o mundo gira à tua volta, mas não te mexes sequer. Estou à tua frente, a tentar perceber o que sai do teu olhar.
Imperturbável.
A mesma expressão, as convicções do teu pensamento demonstradas no teu respirar que ninguém consegue apanhar, de tão puro, verdadeiro e diferente que pode ser.
É dia e noite. Passa a vida e fica a calma. Continuas. Imóvel.
Fixo na minha mente... assim, só. Despido e atraente de verdades da alma, da capacidade de amar sem condescendência, da destreza de ter coragem para arriscar.
Não sei se terei a dignidade necessária para te receber, assim. Mas sei que procuro o melhor de mim para conseguir retribuir algo de bom que te possa ser.
A minha verdade.
Sorrio e choro. Toco-te e observo-te. Bebo-te em demasia sem nunca conseguir matar a sede de te querer. De te crer.
Impassível. Imperturbável. Imóvel.
Demasiado frágil e seguro ao mesmo tempo. As dualidades e os limbos são o teu forte... mas há algo em que não sejas forte? Para o bem e para o mal.
Desculpa-me, mas a intensidade não sou eu.
Já viste como sou tão calma ao lado desses gritos mudos que dás de cada vez que me olhas?

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

botão automático

Posso correr para ti e abraçar-te desmesuradamente? Posso? Deixas-me ir de repente de encontro a ti para te apanhar desprevenido e poder apenas, naquele segundo em que pensas no que me deu, enlaçar os braços à tua volta?
Se outros gozarem, que o façam... Que no fim também nós saibamos rir, de olhos metidos nos olhos, certos, eu e tu, de que não podia ser de outra maneira. Posso correr para ti e abraçar-te com a cabeça encostada ao teu peito? Posso? Apertando-te contra mim, grata por estares ali, de novo, com a mais pura bênção de seres quem és.
Quero muito ter a coragem de correr para ti e abraçar-te sem receios. Sem vergonhas do que é assumidamente feliz na minha existência. Com a meninice que ainda cá vive, escondida, e que só tu soltas de cada vez que te és para mim... Com a vontade de, no fim, saber que nada ficou por fazer. Que fui autêntica, que fui a corajosa que me acho ser aos teus olhos. Que me fui.
Posso correr para ti e abraçar-te? Apanhar-te desprevenido?
Diz-me que posso... e que o teu botão automático apenas me abraçará de volta. Posso? Se correr para ti conseguiremos enlaçar-nos? Saberemos ser-nos? Se eu correr para ti irás sorrir-me sem que eu o veja, colada ao teu peito? É que sem isso eu morreria...
Posso antes garantir que sei pôr esse botão automático a funcionar?