quarta-feira, 24 de novembro de 2010

uma ilha

Está mais frio aqui do que lá fora, onde o sol reluz entre o fresco que ainda deixa secar a roupa. A música toca enquanto escrevo, num momento em que apenas me apetece um chocolate quente para me aquecer as mãos e a alma. Não sei o que me deu, mas sei que te deste e que estou feliz assim.

Cada som que antes me parecia vulgar, agora transmite uma mensagem que compreendo e assimilo com o passar das horas. Parece que sempre te tive, embora tenhas andado longe por muito tempo. Já se dizia: quem espera sempre alcança, enquanto me obrigo a beber golos e golos de água gélida mas ao mesmo tempo essencial, como tu.

Sou de viagens constantes, nem que sejam dentro dos meus sonhos mais profundos e inconfessáveis. Sou de sonhos, sabes disso. Sou de ti, que me és um sonho diferente e inesquecível a cada momento. Sou de ondas, que vêm inesperadamente e rebentam, revoltando a areia onde caem, não deixando nada inteiro à sua passagem.

"Já nem me embala o balanço do vento, e o balanço do vento eu deixei
Junto à gaveta onde as ondas dispersam as coisas que eu nunca juntei"

(Uma Ilha - Deolinda)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

mas sei que vais reparar

Bastou que sorrisses para que eu o soubesse. Ainda que o negasse, já te tinhas entranhado no mais profundo de mim onde nem eu consigo chegar. Depois, nada a fazer se não suportar a longa estranheza de algo tão puro e inesperado.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

forte

Hoje dei-me conta do quanto sou forte e de como isso está personificado em tudo o que é meu e que me envolve. Percebi que a minha capacidade de ser determinada e decidida face a todos os desafios que se me apresentam, se reflecte na coisa mais insignificante que possa existir.

Como o pontapé que dei numas tábuas, mas que apenas me deixou uma nódoa negra e não magoou mais. Ou como o telemóvel que cai dentro de água, saindo de lá a pingar, mas que volta a funcionar algum tempo depois. Até mesmo um ovo, que me dão para tomar conta e que, encontrão após encontrão, ainda se mantém intacto. Hoje percebi que sou forte!

Sou forte porque deixo que os meus ideais me guiem, que me definam e que me façam. Sou forte porque me mantenho a caminho, faça chuva ou faça sol. Sou forte porque ninguém me obriga a ser fraca. Sou forte, porque sou eu. Apenas não tinha dado conta. Hoje, sei o quanto sou forte.

(Então, se sou forte, porque é que não consigo dizer que gosto de ti?)

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

gosto, sonhar

Eu gosto de sonhar. Gosto de acreditar que um dia vou andar por aí, sem rumo, e vou encontrar aquele sorriso que procuro ao virar da esquina. Eu gosto de desfrutar. Gosto de passar horas a fio na cama, desfrutando dos lençóis quentes enquanto a chuva cai lá fora. Eu gosto de viver. Gosto de correr pelas aldeolas que nem uma criança perdida descobrindo algo novo em cada ruela.

Agora quero cantar, quero voar e rir, rir de mim mesma, rir sem remédio e sem conseguir parar. Quero sentir, quero fazer com que se soltem as borboletas do meu estomâgo que teimo em reprimir. Quero olhar, quero dar a mão, quero correr. Agora quero saber que estou viva e faço tudo o que me apetece fazer. Quero sair à rua e gritar que estou aqui para que qualquer um oiça e volte a ouvir.

Vou, sem me importar com o que tenho vestido. Vou, porque quero descobrir, quero saber o que está ali, por detrás daquilo que não vejo e não conheço. Vou porque faz parte de mim, porque vivo e sou, porque sinto e respiro.Vou e acredito que vens comigo e me acompanhas nesta aventura, sem rumo e apenas com um objectivo: sonhar.

Eu gosto de sonhar, de desfrutar e de viver. Eu gosto de sentir. Gosto de voar sem sair do mesmo sítio. Gosto de imaginar. Gosto de acreditar que a vida é o que faço dela e que em cada sorriso existe um sentimento sincero. Gosto de ver para além do que veêm os meus olhos. Gosto de me expressar. Gosto de escrever. Gosto de cantar. Gosto de sonhar, de desfrutar e de viver. Gosto de correr.

Vem daí!, dá-me a mão e anda! Vamos correr sobre esta calçada escorregadia até chegarmos lá ao fundo e desatarmos a rir que nem perdidos. Vamos caminhar e ver, vamos descobrir e comentar. Anda, vamos sonhar! Vamos viver o que ainda não vivemos, vamos acreditar que o nosso desejo mais profundo pode ser tornado realidade, vem daí!

Gosto de sonhar, de desfrutar e de viver. Gosto de sentir. Gosto de ti. Então, vamos? Anda comigo, é que hoje sinto-me capaz de tudo.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

um problema de expressão

Para ser diferente, hoje vou 'cantar' convosco. Pode ser? É que muitas vezes o problema é mesmo este, não saber como dizer o que nos vai na alma ou no coração... e estou assim hoje, estou assim de vez em quando. Ainda que as palavras escritas me levem muitas vezes numa incursão ao céu dentro de um sonho profundo, desta vez decidi levar a minha voz desafinada comigo enquanto entoo esta melodia... Vamos?

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

o balão

Sinto-me tão cheia... tão cheia, mas ao mesmo tempo tão vazia. A felicidade emana em cada poro, em cada ferida conseguida numa brincadeira inofensiva, em cada momento que me recorda um sorriso diferente. Assim o é, assim o gosto, mas ainda assim, não é.

Porque sei ser-me, correndo pelo mundo em busca. À procura da hora, do lugar e do movimento para ser tudo, tudo o que me apeteça ser. E sou-o, sendo somente. Respirando, falando, gritando, chorando, sentindo... Sou. Tudo me enche como um balão, no qual se sopra. Vemô-lo crescer, ficando cheio, sempre a aumentar de tamanho.

Só que o balão enfraquece. Chega a um ponto em que vai esvaziando, sem avisar ninguém. Depois de encher constamente de felicidades nas mais pequenas coisas, o balão cheio desaparece. E é nesse momento em que o teu pensamento mais triste te invade o espírito, em que lembras o pensamento que te traz um momento em que não te soubeste ser, que ficas vazio. Tão cheio, mas tão vazio.

Existem mágoas, dores tão profundas que nunca irão deixar de marcar a tua existência. Memórias inultrapassáveis que te trespassam o coração como uma flecha afiada, sem dó nem piedade. Isso esvazia, isso tira o recheio ao que estava cheio. Assim, o cheio fica cheio e vazio ao mesmo tempo.

Ainda que esteja cheio de sopros fortes e constantes, há sempre a agulha para fazer um furinho e deixar escoar o ar que se encontra dentro do balão. Resta vê-lo voar sem rumo, numa altura efémera e sem aviso. Depois, é preciso encher novamente o peito de ar e ganhar forças para voltar a soprar num novo balão.

Porque se me sou e  se me quero sentir sempre tão cheia, mas tão cheia... tenho de o saber ser. Sou-me, em cada momento, em cada insignificância... Há que estar sempre a soprar pra dentro do balão, só assim ficarei cheia... ainda que vazia ao mesmo tempo.