quarta-feira, 29 de julho de 2015

balas

Pum, pum, pum. São três tiros certeiros, em cheio no coração, como aqueles que vês nos filmes e seguem direitos ao alvo.
É só isso que faz estremecer, que faz duvidar, que faz abalar, que faz não querer saber, que faz preocupar mas, sobretudo, que magoa. É a indiferença bem direccionada quando se julgou ser mais do que o que afinal se é. São somente as virtudes mascaradas com uma desilusão momentânea de quem apenas quer uma palavra de volta, qualquer coisa, a partilha da mais pequena felicidade.
Seria apenas um pequeno esforço que de tão natural nada teria de esforçado... bastaria apenas a reciprocidade genuína que se julgou ter, dada a capacidade verdadeira de se ser numa partilha somente diferente.
Pum. Pum. Pum. É que as balas marcam e deixam mossa... Os pensamentos acumulam-se quando lembramos e lembrar é calcar a bala mais para dentro. É trazer todas aquelas vezes em que disparaste a arma e os tiros passaram de raspão mas ainda assim fizeram-se sentir.
Explica-me. Diz-me o que tenho de errado. Haverá motivo para me disparares assim, sem aviso e insistentemente? Onde estamos nós, aquilo que nos éramos? Porque é que deixou de haver o minuto reservado para a reciprocidade? Pode ser que um dia mo saibas dizer... precisarei disso?
Pum.
Tinha-te aqui. Confiava-me sem receios.
Onde resolveste ir? O que te levou de mim?
Pum. Pum.
Sempre soubeste que 'insegurança' é o meu nome do meio...
Pum. Pum. Pum.
Sempre soubeste que gostar de ti sem razão é o apelido que me dá identidade todos os dias.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

,afinal.

São os enigmas. É o enigma. Aquela lágrima fácil que se criou às primeiras notas e ganhou forças enquanto se tinha os olhos vidrados nos céus e aquelas palavras eram gritadas do mais profundo ser e sem um som minimamente audível.
São as energias. É a energia. A reacção inequívoca do corpo quando lhe tocas cheia de um estremecimento natural depois desse olhar profundo e meigo que só aí se encontra por te ser tão de dentro.
São os receios. É o receio. De que a verdade pura se torne numa mentira demasiado cruel e fujas tão depressa como chegaste sem um caminho definido mas simplesmente distante porque algo te diz que não dá para ser assim tão bom como até aqui.
São as vontades. É a vontade. O querer por poder encontrar uma correspondência surreal dentro da improbabilidade mais certa que alguma vez ficou junta de tão diferente e honesta ser igual a si mesma.
São as crenças. É a crença. Impensável mas sempre inerente a todos os dias e aos sentimentos que se partilham sem sentido e criados pela razão que não se conhece mas se sabe sempre ser a mais acertada de tão especial e diferente que é.
Os enigmas. As energias. Os receios. As vontades. As crenças.
Mas isso importa?
És tu.
Numa enigmática energia que traz o receio de que a vontade de crer em ti se vá embora.
És tu...
São as certezas. És a certeza, afinal.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

somente.

Enches-me a alma num gole sôfrego, como aquela música que ecoa e faz com que saia um grito. Não sei porquê, nem por quem. Não interessa. Sabes aquele sorriso imediato e a mão que me agarra o pescoço? É só isso, mais nada. O mundo parado pelos momentos que me apetecer. Desligado do resto, de tudo, do que for preciso.
O imediato pelo imediato, o calor pelo frio e a constante certeza de que nada está certo e o é apenas. Ser é uma descoberta de um novo eu mais calmo e sobretudo fiel a si mesmo... Tomara eu poder explicar-te a beleza disso mesmo. Da capacidade de não ter medo de errar ou simplesmente de não ter medo tantas vezes.
É como aquela água que corre sem parar, como aquela voz que se ridiculariza, como duas individualidades que decidem ser uma, sem remendos e sobretudo sendo como se tem de ser. É ter a timidez escondida na falta de coragem do mais pequeno e ternurento gesto, que acaba por compensar todos os outros. É seres.
Encher a alma num gole sofrêgo, numa calma apressada, numa saudade desperdiçada e sobretudo em ti. Encontrar o campo no meio da cidade, desfrutar do mais pequeno prazer que somos nós mesmos. É só isso.

terça-feira, 7 de julho de 2015

amélie poulain

"Então, minha querida Amélie...
Não tens ossos de vidro. Podes suportar os baques da vida.
Se deixares passar esta oportunidade, então, com o tempo, o teu coração ficará tão seco e quebradiço como o meu esqueleto.
Então... Vai em frente, pelo amor de Deus".

Ela foi.
E não podia ser mais feliz com isso.