terça-feira, 26 de maio de 2015

Medos

São os medos, os medos, os medos.
Os medos de me ver sem ti se ainda agora me chegaste.
Os medos de que seja tudo uma mentira que o tempo confirmará.
Os medos de que não seja possível transpor para o real aquilo que tem o coração.
Os medos... São só medos que cruzam todos os momentos, pequenos ou grandes, mais ou menos bons. Os medos que invadem os pensamentos e lá permanecem.
Os medos de não ter os sorrisos. Os medos de que os sorrisos que soam genuínos sejam programados, pelas circunstâncias escondidas da vida que de tão transparentes serem não se vêem.
E é horrível ter medos.
Contigo.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Como se faz mais por isto? Como se processa este crescimento? Podemos simplesmente deixar os medos de lado e mandar para fora o que seja? Sem mágoas, ressentimentos ou julgamentos?
Iremos sempre compreender-nos ou passaremos a odiar-nos?...
Demasiadas perguntas, talvez. Sabes quem lhe tem as respostas? O tempo.
E eu não confio no tempo.
É a única coisa a que não dou o benefício da dúvida. Eu só quero que o tempo acerte ou falhe, o mais rapidamente possível.
O trabalho do tempo já me deixou mal tantas vezes que a minha ansiedade receosa do futuro se sobrepõe à naturalidade… e a naturalidade estava a ser tão perfeita!

relógio

Sabes quando a cabeça está louca e não sabe qual o caminho certo?
Quando queres que as palavras deixem de ser ocas e os sentimentos se sobreponham a tudo o resto?
Um dia sim, um dia não. Num minuto certeza, noutro minuto dúvida.
Tic-tac-tic-tac...
O relógio não pára e tens de decidir quem queres ser.
Renunciarás aos medos e mostrarás a tua transparência ao mundo?
Ficar-te-ás pela segurança da ingenuidade?
A cabeça está louca e todos os pensamentos fazem sentido de igual forma. Atitudes precisam-se. Intenções disfarçadas não se querem. Não te esqueças: o relógio não pára. Queremos perder mais tempo?
Sei que é difícil lidar com o tudo. Mas afinal o tudo é nada e na imensidão do quotidiano reles e vazio, é preciso escolher o caminho. Certo ou errado, é preciso escolher. Limbo? Nunca tive jeito para isso. E aquele barulho continua presente: tic-tac-tic-tac...
O futuro apresenta-se positivo. Mas não se constrói sozinho. Por mais que assim queiramos que o seja... Atitudes precisam-se.
Vais tomá-las ou não?
É que mesmo com a cabeça louca é preciso escolher.
E são as escolhas que determinam a verdade de quem somos.
Lá está, atitudes precisam-se: tic-tac-tic-tac...

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Madrasta

A vida não é mãe, é madrasta.

Tem a obrigação de cuidar de nós, imposta pelas decisões que tomamos todos os dias. Não há sentimentos agarrados, há apenas caminhos que ficam destinados consoante aquilo que a vida quer para nós... Numas vezes boa, noutras vezes má. A vida, que é madrasta, só sabe ser ela mesma, com uma objectividade cruel.

A madrasta não se foca apenas em cada um de nós... Ela distrai-se com outras madrastas que se cruzam no seu caminho e que, com o seu tratamento para connosco, se querem meter. É aí que a cautela tem de imperar em cada um de nós, pois a madrasta faz com que o mais impossível possa ser tornado real.

A vida não é mãe, é madrasta.

Mais que não seja pela imprevisibilidade de nos amar e odiar consoante a sua disposição a cada dia. A vida não é mãe... Ao ser madrasta desafia-nos tudo: o inesperado, o impensável, a vontade, a força, as crenças, os ideais... E, sobretudo, a capacidade de aceitarmos esse "cargo" que decidiu assumir.

A vida não é mãe, é madrasta.

Mas não há por aí tantas madrastas que são muito mais mães que mães verdadeiras?