quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

friendship.

Quando estendes um braço e pensas que o acolheram com a melhor fé, afinal és apenas mais um no meio de tantos outros. Ilusões subtis que te fazem pensar seres diferente, mas que revelam que afinal nada de especial tens. Acreditas que podes ser alguém único, mas quem és tu, dentro de um grupo de pessoas?
A pedra que tens atada ao tornozelo torna-se maior e nada consegues fazer senão deixar com que te enterres. Como conseguiste pensar que poderias conquistar o teu lugar? Olha bem para ti e tem consciência das coisas: tu não és nada mais do que um nada cheio de insignificância. Será assim tão complicado aceitá-lo?
Chora, berra, dá pontapés no ar. Revolta-te contigo por ainda acreditares no mundo. Como podes ser algo tão ingénuo? Hoje ninguém é verdadeiro com ninguém, senão tu. Mas para quê continuares a sê-lo se nem o consegues ser na realidade? Se fosses uma pessoa sincera para consigo mesma, saberias que afinal não és ninguém senão a tua futilidade. Porque é que ainda acreditas que há alguém como tu?
Esconde-te dentro dos lençóis e descarrega. No teu escurinho solta o que de mais profundo há em ti. Vai fazer-te bem, acredita. Vira-te para o lado e dorme. Sabes, ao menos sempre podes sonhar... Isso ninguém te proíbe de o fazer. Dentro de um sonho podes ser o que quiseres, podes acreditar no que quiseres, podes viver o que quiseres. Desfruta dele, aproveita. Lembra-te apenas de que quando acordares tudo vai ser igual, uma vez mais, hoje e amanhã, sempre, dentro da tua insignificância revoltante. Essa sim, é especial.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

fantasmas

Perdi-me na noite.
Tudo à minha volta era barulho, luzes, pessoas. Somente eu estava sozinha. O meu pensamento vagueava por terras distintas, nem eu sei bem onde. Queria acreditar que poderia chegar ao meu objectivo e por isso me deixava solta, por inteiro. Mas onde queria eu chegar afinal? Onde quero? Pergunto-me sobre qual será o meu caminho, sem chegar a uma conclusão. Acho que mesmo que tente aquele rumo que queria, mais uma vez não vou ver a luz lá ao fundo...
Não sei como chegar aí, aí a um sítio qualquer. Não consigo, por mais que batalhe, tentar entrar nessa caverna e descobrir o que há lá dentro. Será pedir demais? Talvez. Deixo de pensar e vou apenas, em frente, embalada pelas curvas do meu caminho. Um dia chegarei a algum lado, nem que seja a uma aldeia escondida do mundo.
Esperança. Porque não tê-la? É o que trago sempre comigo, o saber que talvez ainda haja alguém em quem confiar. Fico à espera de encontrar o que quero seguir. Mas onde estará? Sei que posso continuar aqui às voltas por muito mais tempo. Acima de tudo estou perdida, não é? Ainda que o frio e a escuridão lá fora sejam cerrados, nada me resta senão continuar a vaguear... Sem rumo, sem nada, sem ninguém. Dentro de sonhos talvez vislumbre o caminho que devo seguir, duvido.
Secretamente, anseio encontrá-lo... Não o quero. É tão bom ir sem saber para onde... Perdida na noite sinto-me eu. Eu, mas fria. Afinal, estes fantasmas gigantes não deixam de assombrar o meu caminho, por muito pouca importância que lhes dê.
Podes apenas soprar e mandá-los embora?

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Parabéns :')

Já é tarde, mas ainda é o dia. Hoje vou escrever-vos de uma forma diferente. Aliás, vou falar-vos de algo diferente. Hoje, decidi vir aqui a este espaço e deixar os parabéns a uma pessoa que me é muito querida e que por diversas razões tem um cantinho no meu coração. Vamos ver se consigo, então.
Parabéns Afilhado!
Pois é, aquele que foi o meu primeiro afilhado rapaz caloiro da ESCS, tem hoje 19 anos e é um orgulho enooorme para a sua mãezinha! É que além de não ter também ele feito a bela da cadeira de Análise de Dados, foi aquele único que me viu em cima do palco a fazer palhaçadas e disse: aquela vai ser a minha madrinha. Lembro-me perfeitamente do momento. Estavamos todos no auditório e quando foi dada a ordem de que a nossa actividade ia começar, lá saí do barulho das luzes com a Doutora Rita. De volta para o meu lugar, vem ele, direito a mim, apressado, pensando eu que me iria questionar sobre onde seria a casa-de-banho. Mas não. Bastante nervoso ele diz: Queres ser a minha madrinha?
Só me lembro de esboçar um enorme sorriso e ficar bastante embaraçada, com uma lágrimazinha redonda no canto do olho, feliz por saber que ele me tinha pedido a mim, eu, para ser a sua mãezinha. Que acredite quem me lê que fiquei tão envergonhada mas tão contente ao mesmo tempo! Naquele dia lembro-me de olhar de vez em quando para ele e sorrir. Só isso: era o meu espelho, a minha alma.
Quando lhe coloquei aquela pulseirinha amarela no braço, depois de lhe ter molhado a cabeça, o meu sentimento foi inexplicável. Soube apenas que a partir dali tinha de o guiar, fazer dele o Meu Afilhado. Até agora a minha missão ainda está a ser cumprida... Aliás, nunca irá acabar. Espero conseguir cumpri-la da melhor forma e deixar a minha marca no percurso académico do meu menino.
Decidi assim marcar este dia especial para ele também aqui, afinal de contas, não é todos os dias que um afilhado nosso faz anos! E é bom vê-los crescer, evoluir!... Tenho de lhe agradecer imenso ter tido a bondade de naquele dia me ter escolhido e deixar-me acompanhá-lo nesta aventura. A ti, João, obrigada pela pessoa excelente que és e acredita, filhote, tudo te há-de correr bem. Ainda que agora pareça complicado e incompleto, tu mereces o futuro brilhante que vais ter, eu sei que sim! Obrigada por deixares a tua madrinha super orgulhosa a cada dia que passa.
Que não se sintam menosprezadas as minhas duas meninas, de maneira alguma. Sabem bem que estão no meu coração. Fazem da vossa madrinha, a madrinha mais feliz da ESCS! São todos tão perfeitinhos comigo, obrigada!
Parabéns afilhado, uma vez mais, outra e outra, tantas, até que para o ano estejamos de novo aqui.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

all over again

Aquele dedo que ainda nos prendia, para que eu não caísse do precipício, soltou-se. Consegui mergulhar no mar, mas para ti sei que morri. Fui embora naquele momento e acabei, ponto final. Perdida nas ondas pergunto-me se valerá a pena. Já estou cansada de dar braçadas frenéticas e não encontrar um porto seguro. Todos me parecem ameaçadores. Se tivesse o teu...
Penso se não será melhor que me vire de costas para água e boie por aí, sem rumo. Aonde for parar, irei... Vem-me uma música à memória e canto. Canto até que me falte o ar e eu embata numa qualquer praia. Era tão bem melhor se fosse a tua. Nem me lembro disso, apenas deixo a minha voz trémula percorrer este mar comigo. Que farei agora? Nada, senão ir.
Não sei porque é que me deixaste cair. Porque é que não aguentaste mais e tiveste de me soltar. Será que lamentaste ter-me visto partir? Gostava de o saber, gostava de ter a certeza de que vale a pena continuar envolta no mar, mas sempre esperançosa. Será que valerá a pena entoar esta canção e ir de encontro a ti? Não sei como, mas estou certa de que irei. Quererás-me de volta?
Preciso de voltar àquele momento, ao segundo em que me deixaste cair e perguntar-te: vais procurar-me? Tenho a sensação de que agora andas somente por aí, envolto noutra magia que não aquela que nos era comum. É uma certeza na minha cabeça. Preferia que ma tivesses dito... Preferia ter-te dito para me procurares... Preferia ter-te feito acreditar que tudo poderia continuar, que eu ia resistir... Mas não consegui. Deixei que me largasses e pronto. Deixei que fosses embora em busca de um outro igual a mim, de outros momentos contagiantes que não os meus... E foi isso que fizeste. Será que meteste em causa, alguma vez, que eu seria forte o suficiente para resistir e procurar-te?
A verdade é que é isso que faço. Perdida no mar, deixei de nadar. Agora estou apenas a boiar, seguindo a força das ondas. Não sei onde vou ter. Sei somente que se acreditas que estou aqui, irei ter contigo... Se achas que parti,... É um risco.
Tudo de novo.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

walking away

Quando se amontoam os pensamentos na minha cabeça, abro a janela deste quarto atafulhado, debruço-me lá para fora e saio daqui. Não me interessa como caio, desde que voe... Tento encontrar um caminho, mas são tantas as opções que não sei qual escolher. As pessoas não vivem, não sabem sentir. Em vez de não se importarem com pormenores sem sentido e seguirem apenas, seja por onde for, complicam tudo, de todas as maneiras. Não seria mais fácil se todos fossem por onde querem ir?
Odeio condicionantes, coisas sem serem coisas, decisões tomadas apenas porque sim. Fará sentido? Seremos mesmo donos de nós próprios? Hoje já questiono tudo, até mesmo a minha existência. Pergunto-me se terei uma vida... Afinal, se repararmos bem, nascemos, crescemos, estudamos para um futuro, trabalhamos e morremos. É só isto a vida? É só para isto que tivemos o dom de conhecer o mundo? Sinceramente, acho que não.
Decidi vir aqui e conhecer. Descobrir e inventar, imaginar e correr tudo, todos os lugares, ainda que dentro da minha cabeça. Decidi que o meu futuro, vou ser eu a decidi-lo. Quero saber de pessoas, de paixões, de artes. De tudo o que tudo nos pode mostrar. Olhando pela minha janela sinto-me numa estupidez constante, nada sei, mas tanto anseio. A minha preocupação é ficar como todos os outros: deixar de ter um coração e tornar-me apenas elitista, igual, sem nada. Será assim tão interessante ser uma pessoa vazia?
Não sei o que será de mim assim... Pergunto-me até onde conseguirei ir. Até onde o meu lado infantil me levará neste sonho de acreditar que todas as pessoas são honestas, de que todos sabem sentir um simples suspiro e de que é ao coração que dão primazia. Aqui dentro, já sei que nunca nada vai ser desta forma. Mas e se alguém acreditar?... Eu acredito. Acredito porque a esperança é sempre a última coisa a morrer. Mesmo que um dia eu me vá embora, ao menos essa, ficará por aqui. Mesmo que ninguém saiba que existi, eu estive cá e dei nome a mim mesma.
Ainda que a maioria das chamadas pessoas não saibam o que isso é, sou dona de mim mesma e das minhas vontades. Portanto, hoje, olho pela minha janela como em todos os outros dias e sei que uma vez mais, fui embora para daqui a pouco voltar.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

o Rio.

Hoje levaste-me a ver o rio e embora já o tenha visto tantas vezes, achei que não o conhecia. Vi-o de um outro lugar, com outros olhos, contigo. Fascinante, não? A àgua até estava límpida e consegui imaginar aquele golfinho que outrora por ali saltava, feliz e risonho, como eu estava. Sabes quando apetece apenas abrir os braços e voar? Foi isso, achei-me capaz de o fazer.
Por entre palavras dispersas, conversas até, sei que afinal não és "mesmo parvo!", mas sim aquele menino de bronze no meu jardim da noite que tento descobrir a cada dia. O mistério à tua volta não é constante, mas é um mistério. Ainda que saiba que te tenho ali no meu recanto, não quero pensar-te com medo de que te vás embora. Afinal, foste o único que me levou e me fez olhar para aquelas águas familiares e sentir que tinham algo de novo lá dentro. Sabes quando queres que o tempo páre e fique a pairar por um bom bocado? Foi isso, foi o que quis.
Hoje levaste-me a ver o rio e achei que me poderias levar a descobrir o céu. Mesmo sem saber como, sem conhecer o porquê, fazes-me bem. Ainda que não saiba o que de ti sai, o que queres que de ti saia, eu sou uma página em branco. Sou apenas um simples pedaço de papel onde, a cada vez que te vejo, escreves um pouco de história... Sem motivos, sem confusões. Terá isto algum significado?... Talvez. Apenas e somente porque hoje, tu, e não outro, me levaste a ver o rio e olhá-lo como um desconhecido.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Renascer

Passa a porta, pendurada no braço da sua amiga, com um enorme sorriso: é para esquecer! A batida começa a ganhar sintonia com o seu coração e todo aquele fumo branco, todas aquelas luzes encantantes, levam-na rumo a um lugar diferente, a um lugar onde a vergonha fica para trás e cada passo é apenas uma libertação da sua alma.
Aquela àurea entranha-se em cada poro da sua pele e os movimentos começam a surgir, enérgicos, um após o outro. Sem se preocupar com o que quer que seja, apenas canta, vibra, sente. Os braços nunca sabem o que fazer, mas acabam por tomar um rumo, combinando com tudo o resto. Alguns olham-na, mas não quer saber. É aquele o seu momento e ninguém poderá estragar isso.
Mais uma giratória sobre os seus pés delizantes, mais uma amargura deitada para o lixo. É este o espaço onde se sente viva, onde sabe que não é apenas mais uma, mas sim aquela! Emanando tudo o que quer, não há nada que mais a fascine se não aquela batida onde encontra o seu caminho. Sentido cada som, não há quem consiga parar aquela sua frenética vontade em mandar tudo cá para fora. Que se vão embora todas as ideias más, que fique apenas este sentimento extravassador da energia conseguida.
Recarregar baterias, sendo simplesmente, aliando todos os seus movimentos com rumo à pacificação de uma alma confusa. Sentimento de plenitude, gigante! Mas eis que chega a hora, a hora de ter de ir embora e largar aquela sala, aquele chão escorregadio do suor de mil e um corpos que, de uma maneira ou outra, se libertam, como ela. De novo pendurada no braço da sua amiga sai, olhando para trás. O sorriso diminui. De volta ao mundo!... Abre de novo o seu sorrir e respira fundo. Pensamentos? Certezas? Sabe que conseguiu, que tudo o que a havia feito sentir pesar ali ficou. Agora, o sentimento de leveza é o maior, aquele que a faz querer de novo enfrentar o mundo. Tudo, sempre, apenas para um fim. Ali, somente.
Renascer.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

...?

Hoje abri as asas e voei. Percorri todo o meu rio, roçando os meus dedos naquela subtil ondulação fascinante. Por dentro do céu e seguindo o curso natural do leito, observo as margens cheias do seu colorido verde, onde me perco sem demoras. Parece que lá ao fundo vejo o menino de bronze que entoo a cada noite e me faz dormir há tanto tempo. Procurei, por entre todas as plantas, voltar a vislumbrar aquela figura. Acho que a vejo lá ao fundo, mas não tenho a certeza... E agora? Deverei voar até lá, ver se o é mesmo? Ou continuar no meu percurso sobre este leito? Talvez ir, apenas, por um sítio qualquer até me resolver...
Subo até às nuves e brinco com elas. Calmas, suaves, queridas até, trazem-me sorrisos e distraem-me o pensamento... Lá em baixo continua a água que corre, e aquela luminosidade por entre as plantas. Não sei que farei, senão continuar a voar. Sussuro com o vento, quero que me ajude agora, na sua frescura e sensatez impenetráveis. É tão difícil perceber a sua linguagem hoje... Parece que terei de decidir sozinha, tal ave livre e capaz de conhecer o mundo por onde quer que vá. Tenho a certeza de que o menino da minha canção está ali, mas também sei que o rio me levará ao meu fim, àquele mar liberto de mágoa e medo...