sábado, 14 de fevereiro de 2009

walking away

Quando se amontoam os pensamentos na minha cabeça, abro a janela deste quarto atafulhado, debruço-me lá para fora e saio daqui. Não me interessa como caio, desde que voe... Tento encontrar um caminho, mas são tantas as opções que não sei qual escolher. As pessoas não vivem, não sabem sentir. Em vez de não se importarem com pormenores sem sentido e seguirem apenas, seja por onde for, complicam tudo, de todas as maneiras. Não seria mais fácil se todos fossem por onde querem ir?
Odeio condicionantes, coisas sem serem coisas, decisões tomadas apenas porque sim. Fará sentido? Seremos mesmo donos de nós próprios? Hoje já questiono tudo, até mesmo a minha existência. Pergunto-me se terei uma vida... Afinal, se repararmos bem, nascemos, crescemos, estudamos para um futuro, trabalhamos e morremos. É só isto a vida? É só para isto que tivemos o dom de conhecer o mundo? Sinceramente, acho que não.
Decidi vir aqui e conhecer. Descobrir e inventar, imaginar e correr tudo, todos os lugares, ainda que dentro da minha cabeça. Decidi que o meu futuro, vou ser eu a decidi-lo. Quero saber de pessoas, de paixões, de artes. De tudo o que tudo nos pode mostrar. Olhando pela minha janela sinto-me numa estupidez constante, nada sei, mas tanto anseio. A minha preocupação é ficar como todos os outros: deixar de ter um coração e tornar-me apenas elitista, igual, sem nada. Será assim tão interessante ser uma pessoa vazia?
Não sei o que será de mim assim... Pergunto-me até onde conseguirei ir. Até onde o meu lado infantil me levará neste sonho de acreditar que todas as pessoas são honestas, de que todos sabem sentir um simples suspiro e de que é ao coração que dão primazia. Aqui dentro, já sei que nunca nada vai ser desta forma. Mas e se alguém acreditar?... Eu acredito. Acredito porque a esperança é sempre a última coisa a morrer. Mesmo que um dia eu me vá embora, ao menos essa, ficará por aqui. Mesmo que ninguém saiba que existi, eu estive cá e dei nome a mim mesma.
Ainda que a maioria das chamadas pessoas não saibam o que isso é, sou dona de mim mesma e das minhas vontades. Portanto, hoje, olho pela minha janela como em todos os outros dias e sei que uma vez mais, fui embora para daqui a pouco voltar.

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