terça-feira, 5 de maio de 2009

a batalha

Quando o inesperado se torna realidade, é como uma chama que se acende sem ser preciso fazer fogo. Mas e depois? Será que queima ou não? Nada como ir somente com o vento que despenteia os cabelos. Ir sem ver, sem saber para onde. O que virá depois é uma incógnita. O medo é uma constante: podemos sempre tropeçar e cair. Parece que acaba sempre assim, não? Com um tropeção tão grande que, ao arranhar os joelhos, custa tanto a sarar...
Há quem passe a ir com mais calma, pé ante pé, afastando os cabelos da cara. Mas há também os que vivem a confusão, aqueles que mesmo sem ver nada, andam com convicção. Mesmo correndo o risco de tornar a ferida mais profunda, vão, porque não sabem não o fazer. Quando acontece, podem tentar parar para pensar, tentar ter mais calma, mais ponderação. Mas depois o impulso está-lhes tão inerente que rapidamente desistem e seguem o seu caminho.
Chamar-lhes-ia destemidos. Corajosos. Diferentes até, por se dedicarem por completo ao que lhes é natural em vez de tentarem travá-lo. São aqueles que encaram as adversidades, os contratempos, os momentos de uma forma espontânea. Não deveria ser assim? Talvez, mas nem todos têm essa capacidade. Essa vontade de ir, apenas, sem nada ver, sem nada fazer, sem se preocupar. São dois tipos de guerreiros a travar uma mesma luta: aqueles que agarram no primeiro pau que encontram no chão e seguem caminho até à batalha, e os outros que se escondem atrás de uma armadura, em cima de um cavalo, cheios de espingardas e balas que nunca mais acabam. Para uns, cair representa uma dor, mas continuam assim que se levantam. Para outros, representa magoar o inimigo, sem dó nem piedade, apenas garantindo que eles próprios ficam bem. É uma dualidade. Quem não quer ganhar uma luta sem que lhe doa? Quem não quer ficar marcado por ser o mais corajoso?
Ainda que corra muitos riscos, preferia ir e pronto. Sem saber, sem me importar. Por mais que caísse, havia de me levantar. A batalha seria ganha por mim, sem a ajuda de algo supérfluo. Certeza não existiria, somente uma réstia de esperança que me diria que aprenderia a cada queda, até um dia morrer, até ao fim da vida... Não valerá mais a pena do que ir em cima de um cavalo fazendo os outros, os destemidos, cair? Porque quem vai lá no alto, só tem um papel: ensinar aos que vão a pé com um pau na mão que esses sim, são os verdadeiros vencedores da batalha.

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