terça-feira, 14 de abril de 2009

Medo.

Queria expressar com toda a plenitude a forma de como sente isto. É aquele frio que nunca sai e a dor de barriga intensa. É somente o que mais a preenche e assusta. Seja em que momento for, está sempre presente. Seja em que altura for, não deixa de aterrar no seu coração.
A maneira de como é constrói-se ao longo daquilo a que chama vida e também esta coisa má se altera com o tempo... Consigo, este sentimento sempre se adequou mais às pessoas. Quando há um gesto partilhado, um olhar cúmplice, a palavra dita, há-o sempre: o Medo. Rei e senhor de si só, penetra naquilo que ela própria é de uma forma avassaladora e que a faz sucumbir com o vento. Mal respira, porque o Medo não a deixa fazê-lo. A entrega que tem com os outros é de tal forma total que o Medo fica, desde o primeiro momento, ameaçador em todas as situações. Ela não sabe porquê: será de si, dos outros, do Medo? Sozinha, tenta fazer com que o Medo se vá embora, mas não consigue.
Ao existir a partilha para consigo, nela permanece o Medo. O Medo de perder essa partilha, o Medo da mentira, o Medo da substituição, o Medo do cansaço, o Medo constante de mais uma facada nas costas... Será que não devia ela ter Medo do próprio Medo? Dá por si com Medo de se perder entre ilusões, entre imagens que cria nos outros mas que afinal nada são.
Hoje tem mais Medo do que nunca. Perdida do mundo, não sabe para onde correr. Se houvesse uma porta aberta para si... Se houvesse aquela partilha que já houve e lhe trouxe segurança... Já nem pede tanto: ao menos que lhe deiam uma janela. Mas não, parece que não encontra aquele seu porto de abrigo onde apenas um olhar lhe valia de muito. Sabe que já o teve, mas esse seu Medo, essa sua entrega total, não terá estragado isso? Sente-se inútil, sem encontrar uma explicação para o que quer que seja, apenas com o Medo a tomar conta de si a cada lágrima corrida... Sozinha, apenas quieta e a olhar para o infinito, o seu pensamento vagueia... Vagueia sem rumo porque se concentra numa só ideia: o Medo. E no final de tudo, desse seu passeio dentro de si, não consegue mais uma vez explicar por que o sente. Talvez nunca o conseguirá. Mas que esse sentimento é cada vez mais desolador. O Medo de perder todo o seu mundo de sentimentos, de pessoas, de afinidades, é o que a faz ter cada vez mais Medo do Medo. Porque se perde de vez aquilo que tem Medo de perder, tem Medo de não o conseguir suportar.

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