segunda-feira, 6 de abril de 2009

desisti.

Uma estrada comprida sem que lhe veja o fim. O meu vestido vermelho que arroja pelo chão e que teimo em segurar. O cabelo comprido e esvoaçante, arrastado para trás com a brisa. Um arrepio de frio. O que procuro afinal? Decidi não me importar mais. Ir por aí sem defesas, genuinamente. Não certa de que será a melhor escolha, mas claramente convicta.
Da última vez que vesti o meu vestido, estava à tua espera. Descobria-te lá ao longe, por entre um nevoeiro cerrado, e fazia de ti o meu menino de bronze. Eras a miragem no centro do meu jardim, o sussurrar que eu gostava de ouvir. As fadas pulavam no ar junto a ti, denunciando-te. Na tua aura encantante tudo parecia verdade.
Com uma flor pousada na minha orelha, vai ser diferente. De um momento para o outro as fadas perderam a cor e nunca mais te vi. Por mais que tenha tentado procurar-te desde então, nunca mais consegui encontrar-te. Não sei quem te levou para longe, mas cada vez tenho mais a certeza de que não vais voltar. Porquê? Não sei... Mais fácil seria se o soubesse, para largar de novo o meu vestido de encontro ao chão e caminhar apenas, sem pressas.
Lembro-me da canção que entoavas, sempre calmo e perto do meu coração. Traz-me boas recordações, momentos felizes e diferentes, mas que se perderam porque decidiste ir embora. Talvez compreenda o que te levou a partir. Talvez, porque tenho a certeza de que há coisas mais importantes que essas razões... Talvez também serei eu demasiado sonhadora para pensar que há algo mais importante. Mas há, não há?... Se um dia me responderes que não, que aquilo que te fez ir embora foi o mais importante, então, aquele que pensava ser o meu menino de bronze não passou afinal de mais um ser ilusório igual a tantos outros... Mas não poderias voltar por um bocadinho e cantar aquela música? Querer-me fazer acreditar de que estou errada?
Largo o meu vestido contra o chão. Não há-de ser impedimento para eu não andar. Quanto muito faz-me ir mais devagar... Mas vou. Larguei o meu sonho e continuo por aí. Sem saber se será a escolha certa, mas claramente convicta. Desisti.

Sem comentários: