quinta-feira, 30 de abril de 2009

as coisas complicadas da vida

Deitada na sua cama, não conseguia dormir. De olhos fechados, as lágrimas caiam insistentes e o aperto no seu coração fazia eco na almofada, onde ouvia o seu batimento cardíaco dorido e descompassado. Lembrava-se de como tinha chegado até esta noite que já ia longa, mas não conseguia encontrar algo que lhe descansasse o espírito. "São as coisas complicadas da vida", pensou. Encolhida que nem um caracol, só lhe apetecia fechar-se na sua concha. As fungadelas eram persistentes, mas nem o choro quente a aquecia entre os lençóis. De nada lhe valia pensar o que fazer, no que viria a seguir, porque certamente não iria encontrar resposta. Decidiu conformar-se e ficar ali, quieta, até o sono chegar. De manhã, ao acordar, perguntou-se se afinal não teria sido tudo um sonho. Rapidamente viu que não: era a verdade, nua e crua. Agora, pé ante pé, tenta continuar a caminhar. Sem saber para onde, sem saber porquê, o trilho tem de ser seguido... Certeza? A de que esta noite não foi mais uma, foi aquela. Aquela onde tudo muda porque tudo fica igual, sem um pormenor. Mesmo que esse pormenor seja grande, que fazer agora? Nada. Nada e nada. Apenas e só nada porque "são as coisas complicadas da vida"...
Mode: Mesmo Assim - Rita Guerra

Sem comentários: