segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Perdida

Sentada, o seu pensamento caminha por aí. A música ecoa no quarto, até lhe chegar ao coração. E é assim, autónomo, que um choro escondido teima em mostrar-se, sem razão, apenas sentido.
Não sabe o que é, o que será. Tudo é tão efémero que apenas, no meio do nada, um trilho se estende à sua frente, aquele onde nunca se encontra. Sabe, lá no fundo, que lhe falta tanto. Mas onde encontrar esse tanto? Ele aparece, de vez em quando, mas mais uma vez vira as costas e vai embora.
Por mais que procure, não se encontra. A apatia é fatal e as ideias acumuladas no seu espírito, são apenas um amontoado de condições que se lhe impõem. Faz-lhe falta a companhia, o conforto. Faz-lhe falta ela própria, que não sabe onde anda, enganada mais uma vez. Queria apenas aquela acalmia que outrora sentia, dentro de si, rodeada dos seus importantes suportes. Agora, mesmo com eles por perto, perdida, é como está. As palavras não fazem sentido de tão inócuas que são. Será que algum dia vai passar?
Vontade, é a de desligar. De partir, ir, viajar de encontro a um objectivo. Seria bom se pudesse ser feito agora... Mas não, parece ainda demorar. Faltará assim tanto para que deixe tudo para trás? Sabe que nada será fácil no seu novo caminho, mas sente que tem de o seguir, tem de se superar. Pelo menos lá, tudo seria diferente daqui e ainda que perdida à mesma, não seria da mesma forma.
Que lhe custa, procurar-se e não se encontrar. Querer escolher aquele rumo, mas não saber qual seguir. E a vontade, é só uma, só essa. Deitar fora tudo aquilo que inconscientemente colheu, sem saber que o fizera. Afinal, apenas acredita, porque assim é, ingénua. Ingénua, cheia do sentir. Não dá para que assim não o seja, se sempre assim o foi. Tudo o que a ela se liga, a ela fica ligado. Porque sente, porque vive, porque quer disfrutar. No final, além de perdida dentro de si, fica também ferida com aquilo que a fez perder-se.

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