sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Assalto

Poderás explicar-me porque não me deixas quieta? Esforço-me por não lembrar onde estás, perdido dentro de mim, mas ainda que eu não queira, vens cá ter sempre, às minhas ideias, aos meus sonhos... Nem quando tento esquecer o mundo, me largas. Poderei dormir somente? Sem que me assaltes na quietude do sono, de uma forma absurda e magoada?
Deixa-me quieta, senão me procuras. Porque teimas em deixar-me arrepiada se nada vês em mim? Gostava de dormir somente, sem te pensar, sem te ver, sem dar conta de que me preocupo em ti. Mas teimas, teimas em dar-me a inquietude, em trazer-me a saudade que não quero ter.
Pára de me assaltar, de me querer levar de uma vez só, se não é nada disso que pretendes. Não quero que me roubes se de nada te vale roubar-me, senão apenas por aquele teu gabar de que o fazes. Não quero, sai daqui. Complicas tudo quando decides ser ladrão de um sonho meu. Estás lá sempre, ainda que me esforce por que não me leves o pensamento inconsciente.
Deixa-me quieta... Mas será isso que procuro? Que te vás, de uma vez? Quero que me deixes na acalmia, mas não que te vás. Porque não ficas apenas no presente? Na veracidade?... Apenas, só, na normalidade das coisas? Porque não queres. Porque és cobarde, de todas as maneiras. Porque só te sentes bem se me incomodas, quando não o quero.
Porque tu, seu ladrão de sonhos, não tens a coragem para assaltar o meu pensamento de caras, assumidamente. E assim, com o meu passear pelas nuvens lá vens, escondido, por detrás da tua máscara subtil, tirar-me o descanso.
Poderás ou não explicar-me porque não me deixas em paz?

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