domingo, 6 de abril de 2008

Recordações de mágoa.

Comecei com recordações e soube que viria aqui parar. Apetece-me escrever e mesmo que saia um texto enormíssimo que ninguém vai ler, facto a que já me acostumei, tenho de soltar, uma vez mais, as amarras que me prendem a garganta e me fazem ter vontade de romper tudo e gritar, na cara de quem merece, de uma vez só.
Os sentimentos de traição, imcompreensão e perda são bastante recriminatórios. Já pensaram o que é senti-los todos juntos? Deve ser algo extremamente enervante. E é, meus amigos, é sim. Digo-vos porque o sei, porque sempre que me lembro disto me dá vontade de mandar cabeçadas na parede e chapadas que já deveriam ter sido dadas.
Gostava de poder apagar memórias, recordações de pessoas que me foram muito e que neste momento não me são nada. Que chegaram a este ponto porque lé se colocaram. Gostava de poder disfarçar as cicatrizes das facadas nas costas, que levei, uma após outra. Gostava de não me importar com isto. Fiz tudo o que poderia ter feito. Gostava, essencialmente, de entender porque tudo chegou a este nada.
Lembro-me de todos os supostos melhores amigos que tive, daqueles que diziam gostar de mim e apoiar-me num sempre que pelos vistos já acabou. Todos. Podia aqui enumerá-los do primeiro ao último. Ainda assim, não vou fazê-lo. Se me apagaram, porquê dar-lhes essa importância? Há pessoas com as quais nem sempre fui correcta, mas, graças a qualquer discernimento, consegui dar a mão à palmatória e assumir que errei. Entristece-me saber que há quem sinta que errou comigo e não seja capaz de me dirigir uma palavra.
Chegou a mesquinhice, a sobreposição de uns sobre os outros, a manipulação de mentes desprotegidas que procuram algo sem saber o quê. E são esses que mais doem. Os que foram embora apenas porque alguém os puxou e obrigou, esse alguém que me esfaqueia, noite após noite. Agarra na sua faca e encosta-lha ao pescoço, àquele meu amigo, dizendo que agora é dele e pronto. Assim que o tem consigo, volta-se para mim. Sorri, com aquela cara desdenhosa e puxa-me um braço. Vira-me, ergue a faca e zás!, já nem sinto dor. Sempre, sempre a mesma face, o mesmo corpo nojento, a mesma alma imunda de necessidade de afirmação. Podia variar, podiam ser também outras facas, de outros donos, mas não, é sempre a mesma, já ensanguentada e pronta para me magoar.
Mas que se lixe a faca, que vá para a merda. O que importa, aliás, o que eu quero salientar aqui de relevante, é o facto de, seja porque motivo for, todos os que se encontravam de braço dado comigo rapidamente passam para o lado de quem me esfaqueia. E assistem, incólumes, ao meu cair de joelhos no chão. Acho que, lá no fundo, até acham graça. Não são eles quem cai!
E nem sei, nem sei bem que diga. Outros, leva-os o tempo. Não me esqueço deles. Foram importantes!... Mas não é que, em quase todos, está sempre presente aquele punho cerrado em torno do cabo da faca? Poucos são os que não estão lá, daquele lado a olhar para mim, sem compaixão ou saudades de um passado.
Mas tento, não desisti. Caída no chão, de joelhos, com o sangue a escorrer-me pelas costas e as lágrimas pela face, eu gritei. Pedi ajuda, implorei que me dessem a mão. Amigo meu que agora, sem dó nem piedade, te passaste para o inimigo, vem cá, arrepende-te, vem cá, volta atrás e ajuda-me. Por entre pingos da minha chuva, julguei ver um sorriso e algo que se esticava na minha direcção, mas eram apenas ilusões de óptica. Eu tentei, pedi ajuda, pedi que tudo voltasse. Apenas quando vi que mais nada havia a fazer, parei, deixei-me ficar ali, enrolada em mim, ganhando forças para me levantar.
Quando o avermelhado espesso deixou de correr, ergui o peito em direcção à luz. O sol mandava-me levantar, será que eu conseguia? Respirei fundo. O meu corpo foi-se mexendo e nas minhas costas formava-se mais uma crosta. Questionei-me: Que mal fiz eu? Depois de tanto pensar, cheguei a demasiadas conclusões inconclusivas. Será que tinha sido por ter gostado de mais? Ou por ter acreditado num olhar e num sorriso elucidativos? Nem sei.
Depois de relembrar uma vez mais todas as facadas de que, a pouco e pouco, me esforço por apagar a cicatriz, apenas descortino um título para todo este emaranhado que às vezes nem eu entendo. São somente recordações, recordações de mágoa.

3 comentários:

Anónimo disse...

aMeIxAAAAAAAAAAAAA atnd!
aMeIxAAAAAAAAAAAA rspnd!

A Flor disse...

PUXA!!!! Tens razão!! É um post mesmo grandinho... mas consegues "prender-nos" com o que desabafas... li até ao fim.. E... DIZ-ME, DIZ-ME QUEM FORAM OS QUE TANTO TE MAGOARAM LINDA SOBRINHA DO MEU CORAÇÃO? :( Se os apanhoooooo... parto-os a todos! Ninguém, NINGUÉM, tem o direito de magoar a minha Cá... :(

Amor, com a tua idade, tudo isso é natural.... os amigos que vão e vêm... os melhores amigos, que hoje o são, e que no dia seguinte te viram as costas... é mesmo assim, a vida é assim.... e tu irás aprender a lidar com todas essas emoções... irás aprender sim querida! :)
E com o passar dos anos e o "amadurecimento" da vida, irás saber distinguir, é algo que não se explica, que apenas se sente, se tem a certeza, saberás ver quem eles são... os bons e os maus... o teu próprio coração irá dizer-te aqueles que os queres juntinho a ti ao longo da vida.... tens é que aprender a ouvir e a perceber a linguagem do teu coração... e ai... verás que a própria vida te ajudou a manter aqueles amigos que realmente importam ter por perto... poder contar com eles e eles contigo.. aprenderás linda!

Eu Graças a Deus, sou feliz, muito feliz e grata a Deus pela amizade e carinho que me une aos teus pais, à tua família, que também é minha.... amo-os tanto tanto... vocês são importantes para mim e para os meus filhotes, mesmo que por vezes, longe fisicamente... estamos unidos pelo coração...

Também um dia, terás amigos como os que eu tenho nos teus pais. :D

Ai que este meu cometário mais parece um testamento... Rrrrrsss

Tia Flor

Diana disse...

Ai pá... o que tu escreves assusta-me às vezes... porque acontece ser tão acertado, tão perto dos sentimentos que eu cá tenho! Só que teimo em disfarçar, em pensar que não é verdade... mas às vezes eles brotam cá para fora por uma ninharia... :S
As facadas não deviam fazer parte do percurso, mas pelos vistos, acompanham-nos e acabamos por ser obrigadas a sentir aquele friozinho nas costelas. Mas prefiro acreditar que quantas mais levo, é como as vacinas, as próximas serão menos dolorosas XD . Enfim, anima-te e tal :P bjs**