segunda-feira, 15 de junho de 2015

secretamente

Tenho o teu sorriso mais vincado do que qualquer uma das tatuagens que me voluntariei fazer. Quem me dera a mim que fosse só essa a marca que me colocas, mas é essa e tantas outras...
A inércia deixa-me aqui, quieta. Com tudo dentro da cabeça e sem que o coração ganhe voz precisa, para tomar coragem e fazer algo, seja o que for. Quererá ele pronunciar-se? O pensamento corre atrás da vontade de um toque fugaz, sentido de forma diferente. Os desejos secretos amontoam-se num emaranhado de recados sem nexo, que existem não se sabe bem porquê. Uma palavra bastaria para que tudo se desmanchasse e voltasse a construir, mas desta vez com as peças certas, no sítio certo. À espera de um sinal que não chega e que provavelmente nunca chegará...
Oiço aquela música, a melodia que já havia esquecido mas que hoje tanto sentido faz. São todas as palavras, todas as notas. Em cada uma há um pedaço de ti que não sabes que tenho, mas que sem querer me deste. Sei que não preciso de mais... que me posso agarrar a isto e sonhar como nos outros dias, por uma cumplicidade sincera em que vi o meu gargalhar igual ao teu.
Queria ter a coragem de to pedir. Um mapa, um caminho traçado para chegar aí. Ao cerne de ti que tão bem sabes esconder... um rumo fácil até ao teu sorriso, até à forma delicada como moves os dedos das mãos, ao teu olhar que automaticamente se esconde.
E valeria a pena ter a coragem? Sei que não.
Mantenho-me aqui, com o teu sorriso, as tuas mãos, os teus olhos e a tua pele. Levo-os para os meus sonhos. Guardo-os no coração.
Ficarei à espera... um dia talvez veja em ti aquilo que trago dentro de mim.

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