domingo, 14 de junho de 2015

A cor

Hoje não te vi o olhar. 
Fiquei-me pela assertividade de um dos teus braços morenos que gravei na memória para o meu inconsciente poder levá-la e fazer dela o que quiser. 
Sabes, estavas vestido da mesma cor do que daquela primeira vez. A imagem que te tinha ficou cimentada e diferente, tudo em escassos minutos que se farão eternos, uma vez mais. Não sei por que motivo me mexes assim.
Sei que me fixaste por breves segundos e que te desiludi. Senti-o na pele. Ser-me não é o suficiente para ultrapassar a barreira elástica que nos colocámos desde logo e por mais que eu tenha agulhas pontiagudas nas mãos para a furar, nunca a conseguirei rebentar a menos que faças força comigo. Não queres fazê-la... Já sei. 
O que não sei é porque me puxas tanto, sem teres o mínimo interesse em fazê-lo. Porque me chamas quando na verdade eu preciso é de ir embora... Quando me respondes simplesmente porque, tal como eu, não sabes como não o fazer. 
Não te vi o olhar, por mais que o tenha procurado. Vi-te fixar todos os cantos possíveis, excepto a minha frontalidade.  E até isso te faz tão doce... Só a ingénua tristeza se expressou em mim por, ainda assim, conseguir receber-te puro sem que o queiras. 
Sabes, estavas vestido da mesma cor do que daquela primeira vez. 
Acho que é por isso que não desisto de sonhar. 

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