terça-feira, 19 de janeiro de 2010

estou assustada.

Aperto a caneca do chá para ver se aqueço as mãos. Olho em frente e sorvo um golo da bebida, enquanto a vejo fumegar. Mais um dia que passou e mais um dia que perdi comigo perdida por entre pensamentos inquietos. É, às vezes assusto-me comigo mesma. Lembro-me muitas vezes de o meu pai dizer constantemente que "um dia ainda te vais dar muito mal assim, há pessoas muito estúpidas lá fora e não sabes lidar com elas". Se calhar ele tem razão. Ou então sou apenas eu a pessoa estúpida.
Acho que tenho convicções fortes de mais. Se gosto então gosto mesmo, se falo então falo mesmo, se rio então rio mesmo... e por aí fora. Ainda assim, o falar e o riso chegam sempre à meta, à altura em que param antes de voltar a entrar de novo na corrida. Já o gostar, é muito mais complicado de domar. Aliás, acho que não consigo domá-lo. De tanto gostar, falo e rio que nem uma perdida, mas, essencialmente, escrevo. Quando releio desabafos do meu coração, fico assustada: não consigo imaginar como se sentiria outro alguém ao lê-lo. Há anos que ando nesta busca incessável de encontrar alguém como eu, que consiga compreender o facto de ninguém me compreender a mim, mas não encontro... Continuo, por isso, a sentir de uma forma extrema, porque sentir é o que sei fazer melhor.
Agora tenho medo de que nunca ninguém possa compreender o facto de eu gostar, de eu gostar e não me cansar de o fazer. Porque eu gosto, por cima de tudo, por cima de todos, eu gosto. É até inútil quando alguém diz "vá, não chores", quando simplesmente não consigo não chorar. É estranho quando alguém diz "vá, não te quero assim", mas não consigo não ficar assim. É isto que me assusta, muito. A caneca não consegue aquecer-me as mãos e não consigo explicar o meu coração. Não encontro validade para mais um dia perdido em pensamentos, quando os pensamentos não têm conclusão. Sou assim, louca e devassa do mundo. Ainda que chore, ainda que esteja assim, continuo a gostar. Porquê? Não sei o porquê. Não sei nada a não ser que gosto. Gosto mesmo muito. Talvez o meu pai tenha razão.

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