quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

chocolate

Dizes não me ter esquecido mas sei que o fizeste já há algum tempo. Mantenho-me quieta e imóvel, porque me custa a assimilá-lo como verdade. Sei que o é, mas não quero sabê-lo. Não quero desabar e ficar mais uma noite perdida em soluços magoados com a verdade que me custa ver.
Lembro-me daqueles dias em que percorrias caminhos para que nos pudéssemos olhar de frente e conversar, rir e falar, apenas. O meu  verdadeiro caminho é o oposto àquele que agora tento seguir, mas pareço estar pregada ao chão sendo-me impossível mudar de direcção. Sei que não vale a pena ir de encontro a ti.
Podia dizer-te mil e uma coisas, mas de nada me valeria. Não sou ninguém para que o mundo mude de mentalidades, muito menos poderia ser alguém capaz de mudar a tua. Por mais que fale, as minhas palavras já não têm som, já não te causam eco. Acabo por passar por tonta quando na verdade sei que é tudo menos uma tonteira. Por mais estranho que pareça, até já estou cansada de tanto falar. Falar quando não nos querem ouvir é o mesmo que dormir noites e noites sem que um sonho nos atravesse o espírito. Falo e não me ouves, tal apenas me revela que estou, como sempre achei, sozinha.
Assim tenho a certeza, assim me conformo sem que o assimile dentro do meu peito. Deixei de existir, sabe-se lá porquê... Não existo mais tal como aquele chocolate perdido em cima da mesa, que alguém comeu e apenas lá deixou o embrulho. Mesmo que em cima da tua mesa já nem o embrulho vazio esteja, na minha permanece o chocolate inteiro, intacto. Será que devia também eu comê-lo e mandar o papel fora? Pode saber-me bem, mas não consigo. Ainda que digas o contrário, sei que já nem te lembras que chocolate eu era.

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá Ana, parabéns pelo teu blog, conheci-o através do SB Awards e vejo-me obrigada a regressar mais vezes porque...gostei da tua escrita. Gostei muito!
Beijinhos :-)