quinta-feira, 16 de julho de 2009

Desejo

Depois de um sonho agitado onde se via chorar, acordou em sobressalto. Tinha sido o exteriorizar dos seus pensamentos e emoções, enfrentando quem tinha de enfrentar. Chorosa de raiva mas também de alívio, a vontade de o tornar real era muita. Mas teria o direito de o fazer?
No final via-se dentro dos braços que outrora lhe trouxeram todo o carinho e conforto do mundo. Teve saudades, aliás, recordou-se daquela sensação boa, algo que não costuma fazer. Pensou sobre aquela imagem: parecia um bebé no colo de sua mãe, sendo afagada e acalmada, levando suaves festas na cara... mas acima de tudo voltou a sentir aquele olhar sincero e aconchegante. Fez com que se perguntasse sobre quando havia sido a última vez que se sentira assim e rapidamente lá chegou. Recordou o abraço onde se acalmara e se sentira em casa, mas já havia passado algum tempo... Fazia-lhe falta aquela sensação quente, mas achava-se inútil por procurá-la e quere-la de novo...
Tentava antever o seu futuro e vislumbrar um momento onde pudesse repetir o seu encontro consigo mesma, mas não o via numa altura próxima. Seria assim tão complicado conseguir aquele abraço diferente onde pudesse encontrar compreensão? É que aí os olhares passariam de normais para fogosos de amizade intensa.
O seu pensamento parou. Perguntou-se porque é que se havia lembrado de tal coisa, que agora só a faria ficar triste. Já chateada consigo mesma, virou-se para o outro lado da cama. Talvez conseguisse dormir mais cinco minutos, o suficiente para apagar aquela ideia. Recordar algo bom era sempre sinónimo de um sorriso feliz, mas desta vez seria ansiar pela compreensão de alguém que naquele momento não existia. Não que ela não soubesse onde encontrar o colo que lhe faltava, porque sabia exactamente onde ele estaria, mas apenas porque não achava que ele a pudesse compreender... Como seria possível que desejasse tanto um simples abraço?

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