sábado, 21 de novembro de 2009

Eu, a incompreensão.

Acabei de mandar o telemóvel contra a parede, mas não é que aquela merda ainda dá luz? Que raiva! Só tenho vontade de mandar a cadeira para trás ao levantar-me e mandar a porcaria do telefone contra o chão até ele morrer de vez. Mas quem é que teve a triste ideia de que é preciso andar sempre em contacto? Só um pobre inocente, só mesmo um pobre inocente como eu que pensa que alguém é capaz de se preocupar com alguém seja por que motivo for. Ai! Estou farta de estar em contacto, farta, farta, farta! Estou cansada de poder clicar numas teclas para falar com as pessoas e dizer porcarias e porcarias e ainda mais porcarias! E depois, o que acontece? Pimbas, lá vai o telemóvel contra o que tiver de ir. Porra, mas porque é que sou tão complicada?! Juro que me pergunto como é que alguém teve a magnifíca ideia de me dar este feitiozinho anormal que não figura nos dias de hoje. Que raios!
Será que um dia vai aparecer alguém que seja corajoso o suficiente para me dizer: eu percebo-te, porque sou como tu? Não acredito nisso, é impossível. Ninguém é burro ao ponto de ser como eu. Ninguém a não ser eu própria! Estou tão cansada, mas tão cansada de gostar das coisas. Das coisas, das pessoas, de tudo... Dantes até podia meter piada, se calhar até me passava ao lado, porque eu era uma criançazinha inocente e acreditava em tudo o que me diziam, que ninguém fazia maldades, que ninguém era cruel... Tal como quem teve a triste ideia de que é preciso ter um telemóvel, houve alguém que teve outra ideia tão brilhante ou pior, que foi a de nos fazer crescer. Mas quem é o triste que disse que deviamos crescer? Quem é que foi a mente criadora que disse que eu agora ia saber o que é gostar das coisas, das pessoas, de tudo? Raios o partam também, seja lá quem for!
Merda, mas porque é que nem comigo mesma consigo falar? Porque é que nem eu percebo o que quero dizer a mim própria? Será que cá por dentro não falo português? Dei em filósofa? Dei em professora de Semiologia que fala, fala, fala e ninguém entende o que ela está para ali a dizer? Só pode ter sido. Devo estar cheia de signos e significados e significantes e remas e legisignos e tudo o mais e seja lá isso o que for, porque não consigo mesmo entender! Haverá alguém capaz de me explicar o que se passa dentro de mim? Haverá alguém capaz de me explicar porque é que eu, eu, eu e eu, gosto de pessoas? Hoje em dia ninguém gosta de pessoas!
Acho que o telemóvel já não está a dar luz. Espero que nunca mais dê. Espero mesmo não ter vontade nenhuma de voltar a pegar-lhe para tentar falar com alguém. Espero ainda mais que me consiga arrastar até à cama e amanhã acorde a achar que sou um robôt e que está um dia perfeitamente natural. Espero mesmo, espero mesmo muito.

1 comentário:

Anónimo disse...

sketcher adnectins middleton sexual unspent khushbooec sophismata graduates ultraviolet balaseth filmed
semelokertes marchimundui