quarta-feira, 11 de novembro de 2009

asas são para voar

Vou ser sincera: estou cansada.
Já nem consigo ter domínio total sobre o meu corpo e deixo apenas que ele se afunde pela cadeira abaixo. Os meus pensamentos estão a perder-se vezes de mais e vejo-me algures noutro lugar que não este. As obras aqui ao lado causam ruído e mais ruído, barulho e dor de cabeça. Será que podia apenas desaparecer por uma hora? Tento por tudo lembrar-me de um refúgio aqui perto, um sítio para onde possa fugir e encontrar-me apenas porque sim. Ainda que aquele habitat que mais me cativa esteja aqui tão perto, não faria qualquer sentido visitá-lo. Não é o meu, ainda que seja da mesma natureza, com a mesma àgua límpida, não é o meu... E o meu, que agora está ainda mais longe...
Preciso das minhas asas, daquelas asas que me fazem voar num segundo para qualquer lugar, mas não as encontro. Parece que até elas me abandonaram hoje... Hoje, agora. Foram embora sabe-se lá para onde, desapareceram porque sim. Aqui, no meio de tanta gente, estou sozinha. Apenas sozinha e perdida num lugar que nem sei bem explicar onde é. É aqui, quem sabe onde que venha cá ter. Eu não sei das minhas asas e não posso fugir. Não sei das minhas asas da imaginação que me levam a qualquer lugar. Não sei... Porque é que elas foram embora? Agora queria gritar. Ir para acolá e gritar, gritar porque me apetece e porque nada tenho que dizer. Gritar, porque sim.
Estou cansada e preciso de voar, mesmo, muito. Só queria era ter as minhas asas de volta, agora.

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