sexta-feira, 9 de outubro de 2009

a mensagem do coração

Parece que não deu mais. O meu nó na garganta começou a formar-se, as imagens que os meus olhos viam ficaram distorcidas, e, quando fechei as pálpebras, uma gota de àgua caiu. Quente e dorida, escorre agora pela minha cara abaixo. Mas o que é que se passa comigo? Gostava de poder ir até à minha janela e saltar para o ar. Subir alto no céu e sentar-me numa nuvem para lá ficar até me apetecer, até deixar de ter forças para largar mais lágrimas.
É horrível como quero dizer tudo mas não consigo dizer nada. Tenho mil e um pensamentos dentro de mim e não sei se algum deles fará sentido. Porque é que existem momentos tão cruéis? Não encontro explicação nenhuma que possa ditar as razões pelas quais sinto esta amargura senão o meu egoísmo e a cobardia. Parecem aqueles anos em que sempre tive o meu João Pestana para dormir comigo e lhe tinha um enorme amor, mesmo quando estava em farrapos. Até que um dia ele desapareceu, alguém o levou e nunca mais consegui encontrá-lo... Sempre fui egoísta por o querer junto de mim, por ser apenas eu a cuidar dele e a dar-lhe o meu mimo. Também fui, e ainda sou, cobarde, por tê-lo deixado ir embora e agora não conseguir dizer-lhe o quanto tenho saudades dele e o quanto me custa a sua ausência. Será que é isto que se passa comigo hoje?
Continuam a rolar, cheias de calor, as gotas que saem pelos meus olhos vindas directas do coração. Já me dói muito o aperto na garganta. Afinal de contas, devo merecer isto. Devo merecer a angústia sem explicação coerente, o sofrer na sua forma mais abstracta e sentida. Ninguém me mandou ser egoísta e cobarde... Se mo tivessem mandando, eu não o seria, provavelmente. Gostava que fosse tudo mais fácil de explicar e de dizer... Mas não consigo. Não vale a pena perguntar o porquê, não tem definição possível. Apenas não consigo andar mais a sorrir por aí como se aos meus olhos o mundo estivesse colorido. É que não está.
Fecho os olhos e tento ouvir o meu coração. Até ele é mau comigo. Decifro a sua mensagem, ele deverá ter razão: quem te manda saber sentir demais e ter saudades disso?

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