domingo, 25 de outubro de 2015

Não

Não. Apaga a luz e vem deitar-te. Aquece-me as mãos e dá-me o teu braço como almofada. Prende-me uma perna com os teus pés e diz-me "boa noite, dorme bem".
Não. Deixa-me estar apenas a ouvir o teu respirar, a focar-me em não me mexer para não te acordar. Vou tapar-te durante todo o tempo para te saber com o melhor sono possível.
Não. Eu quero saber que tenho a cama mais aquecida pelo amor que nos mantém. Eu quero acordar no meio da noite e sorrir quando o meu consciente me lembrar de onde estou. Com quem estou.
Não. Hoje quero que me cantes uma canção de embalar e que me mexas no cabelo até eu adormecer, hipnotizada pelo teu olhar fundo que tão bem me lê.
Não. Hoje não aceito. Hoje não quero e hoje não suporto. Hoje não. Não. Não me deixes ir embora. Não me deixes sair debaixo deste tecto e não me faças entrar por entre lençóis sozinha.
Não. Hoje não posso ficar sem ti enquanto a lua, lá alta, testemunha que aquilo que nos somos e que é verdadeiro como o construímos. Não.
Hoje não fico sem ti.
Não sei como isso é.

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