sábado, 12 de setembro de 2015

labirinto

Exisitirmo-nos num só nunca é fácil. Ainda que possamos ser um, esse caminho está escondido no meio do labirinto em que as paredes se fecham à medida que passamos, impedindo-nos de voltar para trás e escolher outra opção.
Vamos, sem receios. A tua mão puxa a minha e guias o caminho que nos leva ao destino que apenas conheceremos quando lá chegarmos. Gosto dessa tua firmeza, da certeza com que agarras nos meus dedos e segues em frente, impassível, determinado. Sigo-te, segura, ainda que tente muitas vezes espreitar para descobrir o que está em diante de ti. É mais forte que eu...
Vejo lá o perigo, algumas vezes. A ameaça dos cruzamentos que surgem e te obrigam a escolher para onde virar: direita ou esquerda? Sei que escolherás, num piscar de olhos. Que a tua decisão é fácil e imediata, porque sabes quem és e para onde queres ir. Mas eu estou aqui, intrinsecamente ligada à tua mão, e tu sabes que não podemos voltar para trás. Que não podes simplesmente largar-me e seguir sozinho. Não nos sabemos ser mais sozinhos.
Então tenho de te chamar dessa tua batalha com o labirinto. Tenho de colocar toda a minha força e puxar-te o braço, fazer-te estacar e olhar para mim. Falar-te. Lembrar-te que ainda aqui estou e que é preciso ponderar tudo. É preciso olhar para as escolhas, a direita e a esquerda, com transparência, frontalidade e razão.
Estacámos. Colocamo-nos lado a lado. E é aí que te quero perguntar se podemos decidir em conjunto. É nesse momento em que sei que, ainda que existirmo-nos num só não seja fácil, estamos a tentar e estamos a querer encontrar o centro do labirinto juntos. Eu gosto de seguir-te, gosto do teu instinto e da tua força. Da segurança da tua convicção. Mas a opção não é só uma e temos de nos lembrar disso.
Já te disse: é mais forte que eu espreitar para diante de ti. Se assim não fosse, como poderia eu encontrar a força para te parar e fazer pensar nas opções que poderão vir de cada uma das estradas? Terra batida ou alcatrão? Relva ou lama?
Sei que decidirás, por ti. Por nós. Sei que te seguirei sem hesitar, para onde quer que vás. Afinal de contas, este é o nosso labirinto. Admiro a tua força para continuar. Mas... será que tu também não admiras a minha?

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