segunda-feira, 13 de abril de 2015

trança

A felicidade é como uma trança infinita.
Bocadinho sobre bocadinho, o desenho fica fluído e bonito, como deve ser. Conforme os fios que se unem vão crescendo, mais forte ela fica. Brilhante, única, nossa.
Apertamos-lhe a ponta, com um elástico que dá várias voltas. O tempo deixa que lhe acrescentemos mais entraçados e no final voltamos a apertá-la para que fique sempre firme, com um aspecto de vivacidade incrível.

Mas há sempre o engraçadinho que nos vem puxar o elástico num momento inesperado. Que desmancha um bom bocado da nossa trança e nos faz sentir que perdemos um pouco de nós.
Precisamos de aceitar esse amargo sabor de desilusão. De uma dor crua, causada pela esperança que nos foi arrancada. O sorriso contorce-se e os olhos ficam rasos de água.
Voltar a entrançar o que antes esteve feito não é fácil... os fios passam a ter pontas soltas que nos irritam, que nos frustram e que ameaçam o resto da trança. E passamos a olhar com desconfiança para o audaz que nos arrancou o elástico.

E agora? Como se ganha coragem para pedir que nos voltem a entrançar aquele pedaço feliz? Como se explica que o sentimento pleno que se partilhou ao entrançar foi destruído pelo arrancar de um elástico?

A trança é infinita. Os modos de a entrançar também. Mas os que têm poder de a desmanchar... retiram-lhe o brilho de outrora.

Podes, por favor, ajudar-me a dar força aos fios outra vez?



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