terça-feira, 13 de março de 2012

cabeça cheia sem rebentar

Ás vezes temos a cabeça cheia de pensamentos e isso faz-nos ficar assim, cheios! Cheios quase até rebentar, mas sem que nunca se chegue àquele sentimento de alívio em que gritamos "rebenta a bolha!" e metade sai para fora...
Pergunta-mo-nos: é assim tão difícil rebentar? Responde-mo-nos: Não, é bastante fácil até, quando não queremos que aconteça. Quando algo nos corre mal e ainda estamos com esse nervoso miudinho, rebentamos tão rapidamente quanto o milésimo de segundo que leva a estoirar-se uma bola de sabão. Rebentamos muitas vezes sobre coisas que não queríamos, com pessoas que não queríamos.
Mas quando queremos mandar fora grande parte daquilo que ocupa espaço desnecessariamente e que nos faz sentir cheios, não conseguimos rebentar... Ainda que haja quem nos estenda a mão e diga que está ali, que podemos rebentar quando quisermos que seremos ouvidos, que o nosso alívio pode chegar bastando apenas que falemos, não conseguimos rebentar.
Porquê? Não sei, mas gostava de saber. Talvez porque aquilo que nos enche os pensamentos é o nada? Será que é por a nossa cabeça estar cheia de ar, por não ter nada de concreto em que pensar? Ou será porque a demasia de preocupações que se nos atravessam ao espírito diariamente são tantas e tão variadas, que as remetemos automaticamente para uma página em branco, porque não queremos lembrar-nos delas?
Não tenho resposta. Talvez nunca venha a ter. Mas talvez um dia serei capaz de gritar sozinha "rebenta a bolha!", para depois sentir o alivio de saber que posso falar e que estarei pronta para voltar a encher novamente.

terça-feira, 6 de março de 2012

o alguém

Ás vezes é de quem menos esperamos que mais recebemos. Podemos receber de muitas formas, nem que seja num simples desabafo que precisamos de ter e que outra pessoa acolheu. É bom sentir isso acontecer. É bom acordar e pensar que é preciso dizê-lo àquela pessoa, porque sim, e que ela o vai ouvir e responder-nos de volta.
Essa resposta, mesmo que seja a simplicidade do silêncio, vale mais que ouro. O poder extravasar o que nos vai na mente, sabendo que do outro lado alguém nos acompanha, é tão proveitoso como o melhor sorriso que podemos dar.
No final de todas as palavras ditas, de todos os gestos feitos durante o decorrer do discurso, basta saber que do outro lado está alguém. Nesse momento, esse alguém dá-nos o mundo. Prende-se ao nosso mundo.
Mesmo que o alguém fique em silêncio, mesmo que o alguém não responda de volta, ele esteve lá. Esteve connosco quando precisámos que estivesse.
E nesse silêncio, nessa pura acalmia do que é apenas estar completamente, imaginamos o melhor sorriso que podemos receber.
Imaginamos o que recebemos, porque é esse alguém que nos dá esse sorriso e nos faz sentir mais leves, capazes de voar.