segunda-feira, 7 de setembro de 2009

eu, com o nada.

O meu castelo acabou de ruir. Veio uma onda tão grande que o destruiu com um só ataque. Já há alguns dias que o vento o ameaçava, fazendo com que alguns grãos se soltassem e o tornassem mais frágil, mas  sempre se havia conseguido manter imóvel... Agora não, tombou mesmo de vez, tal foi a força do mar. A sua bandeira hasteada na torre mais alta, não passa agora de um pau enviesado num monte de areia disforme, igual a tantos outros. Mas porquê? Estava tão firme, tão sólido, construído de uma forma tão natural e verdadeira, que parecia bom de mais para ser verdade. E era. Será que não passou de uma ilusão? Será que afinal nunca tive um castelo onde vi o meu porto de abrigo?...
Pensei que sim. Tenho-o visto construído aqui, à minha frente. Tenho-o tido, de sorriso nos lábios, com o vento a fazer esvoaçar o meu cabelo e o barulho do mar a torná-lo real. Mas foi embora, como por magia. Bastou um segundo e desapareceu. O encanto à volta do castelo quebrou-se, como tudo o resto. Agora resto eu, com o nada. Nunca pensei ganhar-lhe tanto apego. Sinto falta do meu castelo. Uma construção à minha frente, que me fazia viver a cada dia. Desapareceu. Não sei se tenho força para voltar a construir outro.
O meu castelo acabou de ruir e eu com ele me deixei levar pela onda. Sem rumo, sem força, sem convicção. Por aí, perdida de tudo.

1 comentário:

Rita Mendes disse...

Tenho saudades de ter conversas loucas com a menina que constrói castelos porque sabe que as ondas vêm, mas que ela ficará sempre para renovar as suas convicções.