quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

frio de angústia

Tenho demasiada angústia para que possa exprimi-la. É extravassador o quanto invade sonhos, transportando mil e um quereres que custam em ser reais. Depois há as mil e uma voltas por entre lençois que apenas trazem momentos inquietantes até na hora de descanso. Não sei que mais tentar nem o que mais preciso dar. Não vejo inconstância, mas talvez tenha existido. Não sei. Chegou o tempo em que apenas não há mais tempo, porque a angústia toma conta de todo o tempo que possamos ter. É assim que, de malas prontas, me destrói o facto de saber que tenho de ir embora sem sequer ter conseguido dormir direito. Espero encarar a viagem como uma jornada em branco, um momento de que pretendo desfrutar ao máximo, tendo até a capacidade de rebentar a escala. Preciso, porém, de esquecer a angústia enorme que nem consigo desabafar sobre. Até sou das pessoas que gostam de falar, mas agora não existem palavras que possam espelhar tudo aquilo que quero dizer. Por isso chegam os pesadelos, por isso chegam as noites em que o sono não é o bastante para me fazer dormir que nem uma pedra. Mesmo quando me perco dentro da minha estufa que transborda calor, sinto frio. Tenho frio, muito frio. Esta angústia sobre a qual nem consigo escrever, não me deixa o coração a transbordar de raiva e a fervilhar de calor. Deixa-me antes como que nua e despida, com um coração partido e totalmente gelado. Talvez seja por isso que, depois de ter já as malas arrumadas, me pergunte se, mesmo com tanto agasalho, não irei eu ter ainda mais frio.

1 comentário:

Alexandra Fernandes disse...

Parabéns pela maneira como escreves. Gostei muito. Conta com o meu voto para o SBA e boa sorte :)