domingo, 6 de dezembro de 2015

sushi

Enquanto conduzia o carro de volta a casa, sorriu. Recordou-se da estreia mas percebeu que, afinal, não se lembrava de todos os pormenores. Somente do importante. 

Não sabia onde se tinham encontrado, qual a primeira conversa. Mas sabia que confiara sem receios. Sabia que aquele à-vontade demasiado preenchido pelo nervosismo lhe dera a capacidade de arriscar todos os minutos na procura de algo com substância, se assim tivesse de ser.
Sabia de cor aquele olhar desconcertante, que parecia saber todos os seus segredos sem sequer os dizer. Aquela força lá contida que julgava ou que apenas, sem porquês, procurava descobrir. Sabia que sentira o seu corpo nu e que o seu pensamento havia estremecido.
Sabia que lhe foi dada a capacidade de ser como é e não ter receio por isso. De estar ali, de corpo e alma, bebendo cada gota do café na mesma dimensão dos sentires que procuravam um pretexto p'ra se libertar.
Lembrou pormenores que não se tinha lembrado nas outras inúmeras ocasiões em que aquele estremecer genuíno lhe voltara à memória.

Seria um sonho? Uma ilusão do quotidiano que lhe dá sentires demasiado reais p'ra serem verdade? Pensa que tem de ser um sonho, que nunca teria esta sorte.

Até que se lembra, uma vez mais, da mão quente que lhe agarrou o pescoço e dos olhos penetrantes de honestidade que vira mesmo antes disso.

Ainda agora o arrepio lhe percorreu a espinha... Isso é a recordação mais vivida de que o sonho não é nada mais nem menos de que a sua vida movida de um amor incondicional.

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